quarta-feira, 21 de julho de 2010

É que anda contra o vento, desafia o sofrimento e carrega o mundo com a mão


O que você faria se durante em toda a sua vida fosse julgada de forma a ser culpada estando inocente. Como se você fosse acusada e interpretada da forma que você se sabe não ser. Sempre fez frio nos meus pés descalços, deve ser por isso que eu sempre me asseguro de ter meias limpas e felpudas na gaveta. A dureza do coração sempre foi questionada. Não faça isso! Não seja arrogante! Há prepotência nisso e não sei mais naquilo. Se de certa forma o seu valor realmente não fosse conhecido e você lutasse por si mesma sozinha por ideais abstratos. Lutando não sei como pela própria libertação. Há chá de erva cidreira na caixinha verde em cima da mesa. É pra dias de ventania. De três é a do meio. Um deles gosta mais. A outra lhe agrada tanto. De três ainda é a do meio. Há um ventinho que entra pela fresta da janela e encontra a solidão. E se tem gosto de imensidão. Se procura a liberdade. Se conspira o mundo de certa forma a seu favor. Ainda a julga. E as rasteiras que a vida lhe dá. Qual, ela sempre se pergunta. Que de tão grande sucedeu que não tenha olhado pra trás e visto tão miudinho, tão insignificante que no fim até acredita que foi pra seu bem. O baque nunca é grande demais. As forças também nunca se exaurem. Ela sempre se ergue. Como flor do campo. Lírio do campo ou alecrim dourado. De tão teimosa vive. E feliz. Se protege, é por interesse próprio. Se tenta ajudar, há nisso egoísmo. Se elogia, não ela não elogia. Há pior maneira de ser interpretada quando se é vista de forma equivocada? É má! Diz. Mas gosta de todos os animais do mundo, adora crianças e odeia que maltratem os velhinhos. É justa, mesmo que às vezes impiedosa. Luta por menos hipocrisia, isso ela abomina. Gosta da verdade. Gosta de leveza e azul do céu. Ama tanta gente. Às vezes se surpreende. Coração tem. Tem tanto que é passional quase sempre.

Sabe bordar. Cozinha divinamente. Cuida do lar. Sabe costurar. Lava roupa e perfuma com flores. Ler todos os livros do mundo. Sabe recitar. Escreve poesias. Sabe desenhar. Também pintar. É romântica como Eva Braun. De um romantismo sereno e de calmo domínio. Gosta de flores e do lar. É responsável. Acorda cedo. Procura sempre estudar. É formada e falta só trabalhar. Resolve com elegância o dilema da caixa de Egheworth e sabe derivar. Faz compras e feiras, resolve tudo a que se prestar. Mas diz que é manipuladora, autoritária e mal educada. O que ela aprendeu de menina: a lutar pelos seus direitos, a não abaixar a cabeça, possuía a valentia sem freios que a mãe sempre desejou para a sua estirpe. Mas que nela não admitia. Incomodava-a a sua independência. Não gostava da sua liberdade. Mas sempre lhe diz que faz tudo isso pela sua pecaminosa soberba.

Há dias em que não agüenta escutar calada. Há dias que o coração sangra. Há dias que dói saber que você nunca vai agradar porque nunca se espera isso de você. Há dias que você não suporta o eterno complexo de Electra em que saberá viver toda a sua vida. Há dias em que se perde, mas não se abandona.

É um retrato aflito. Confuso. Ferido. Cheio de nós cegos. Tenta. Reinventa. Sorri. Encolhe-se. De vez em quando chora, porque às vezes é preciso colocar as mágoas pra fora. E escreve pra ficar mais leve.

E pensa, pensa muito na vida. Está na hora desse vento aprender a soprar em outra direção. Sugiro um banho de chuva. Um mergulho no mar. E alguém para abraçar.



PS: O mundo de christina, 1948, Andrew Wyeth. Pintor americano realista, seu estilo se destaca pela interpretação realista, pela beleza franca e por uma exatidão quase fotográfica, transmitindo um forte impulso emocional. Suas obras maduras com freqüência possui elementos simbólicos. é um dos pintores norte-americano mais conhecido do século XX. Essa é a sua obra mais importante, sempre desejei expô-la aqui, eis que surgiu o momento.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hum...eu sugiro mandar todas essas coisas e sentimos ruins fora e jogar coisas boas pro universo.

Hermínia Mendes disse...

O título me chamou atenção. É típico daqueles que te obriga a matar a cuiosidade e ler.
Tão simples e tão intenso!

ps.: Joga coisas boas pro cosmo! ;)

Dora disse...

Foi tão intenso! [2]
A gnt faz uma corrente cntg qnd eu chegar! ;)