segunda-feira, 12 de julho de 2010

História de um amor randômico que não cabe em romances de amor


Ele me compra com sonho de valsa e sonho de creme.

Ramalhetes de flores. Rosa murcha. Florzinha baldia. Ou cravo de defunto.

Compra-me inteira com despudores. Massagem nos pés. Ménage à trois. Beijo na mão. Conversas ao pé do ouvido. Olhares lascivos. Mordidas no pescoço.

Compra-me com bilhetes sacanas. Bilhetinho amoroso. Abreviado. Cartas de amor.

Convite inesperado para beber. Jantar a dois. Musica bonita por MSN.

Compra-me com saudades anacrônicas.

Desejos randômicos.

Abraços ao luar. Ele me seduz com a lua.

Compra-me dizendo que me ama, sem saber por quê.

Convite pra beber as três da tarde, às duas da manhã, até as dez da noite.

Propõe-me uma fuga num sábado. Praia a dois.

Compra-me com elogios impensados, e bajulados.

É igual a mim. Perfeitamente simétrico. Existe?

Beijo apaixonado. Impulsividade a dois, é loucura atroz.

Mando-lhe um poema perfeito. Ele me compra ignorando.

Empresta-me o chinelo. Depois um trocado. Oferece-me viagem.

Me dá socorro.

Leito de dormir. De sexo depois. Banheira de sais.

Compre-me logo inteira, lhe digo. Disponível. Logo se esgota. Imperdível.


Ps: O passeio, de Marc Chagall. Porque eu ainda sonho com um Chagall na parede de meu quarto.

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