sexta-feira, 20 de março de 2009

Eu vejo o jardim dos sonhos...



Eu tenho medo de dragão e bruxa malvada, e o mundo tem tão pouca fada, que eu me pergunto, quem me salva? mas eu não acredito em maldade! Um dia eu caí num poço de tristeza, cheio de musgo e tão escuro que eu nem mais via o sol luzindo no quintal. Eu vi o meu mundo sem cor...


Quando eu saí do poço depois de tanto cair, eu disse a mim mesma que o mundo ao qual eu acreditava existe sim, em qualquer canto do planeta, nem que seja no meu mundo... No jardim dos meus sonhos que eu guardo em mim. E que eu construi, beleza por beleza, é, ele é cheio de coisas bonitas... Tão bonitinho e tão doce que dá gosto de vê, um dia me mudo pra lá e levo todo mundo pro meu jardim, pra comer sonho de creme com café. E eu não fico mais doente nele... Ele tem um balanço de madeira, o meu jardim, e tem brinco de princesa agarrado na cêrca de madeira que floresce na primavera, e tem jasmim laranja de flores brancas que floresce sempre. Eu fiz o meu jardim pra ocupar meu tempo...


Ele cresceu tanto que o dragão da tristeza nem me visita mais e o meu tempo ficou pequenininho, tamanho de um botão... Quando eu olho pro meu jardim dos sonhos eu encontro o mundo colorido que eu sei que existe, nem que seja em mim...


PS: Pra dá mostras da suavidade em mim, um monet pra ti que me lê. Um jardim, de Monet.



quinta-feira, 19 de março de 2009

O clube do peixe vivo.


Dou a vocês hoje, a saudável alegria de um canto convivial, e o gênero não é para se desdenhar! Goethe apreciava-o. O que tem isso com o clube do peixe vivo? Ora viva! Sob a presidência do Sr. Kubitschek, um cordial circuito de corações amigos da singela toada que é um canto convivial de mineiro:



Como pode o peixe vivo

Viver fora da água fria?

Como poderei viver

Sem a tua companhia?



Letra e toada são lindas! Num encontro em casa de um José Cláudio primo de Manuel Bandeira, Pedro Nava improvisou a sua quadrinha:



Nas areias de Loanda

Dirceu chora noite e dia

Desde que sentiu perdida

Tua doce companhia.



Vinícius de Morais secundou:



A minh’alma chorou tanto

Que de pranto está vazia

Desde que eu fiquei sozinho

Sem a tua companhia



Depois foi Bandeira:



Vi uma estrela tão alta!

Vi uma estrela tão fria!

Estrela, por que me deixas

Sem a tua companhia.



Eu obviamente entrei em transe e quis entrar para o clube e fiz a minha toadinha:



Eu vejo a figueira rumando as estrelas,

Sem na minha a tua mão vazia,

Sombra mansa aos netos do nosso amor

É a figueira sem a tua companhia.



Há quem leia e se desafie a fazer sua toada e lá vem mais um ao clube do peixe vivo.



PS: O Mamoeiro de Tarsila do Amaral.

sábado, 14 de março de 2009

Bonança, 2009


Querido nino


Estou com as janelas abertas pra sentir o beijo do vento suave no meu rosto...
É noite comum como o é sempre por Bonança.
O céu ainda tem estrelas, olhinhos do dia espiando pelos buraquinhos da noite.
E a luz do poste ainda tem o mesmo defeito, acende e apaga a seu bel prazer...
Os gatos estão deitados no balanço do jardim de figueira prateada.
O meu jardim dos meus sonhos.
Um cão late longe, o meu cão late perto.
Escuto uma canção daquele empoeirado lp de Vinícios...
Aquele que compramos naquela praça que eu te disse que era considerada o coração do Recife... Lembras?
Rimos tanto com aquela bondosa velhinha.
Escutamos sem parar Vinicios, depois disso, só pela dificuldade de encontrar o disco...
Hoje as notas mexeram dentro de mim, como se toda minha vida estivesse adormecida, esperando a canção do vinícios para se espreguiçar
O bom samba da benção...
Senti minhas asas novamente...
Eu não estou presa ao infinito, eu voo nino.

Toda a sorte do mundo pra você.



PS: Moça com brincos de perola, de Johannes Vermeer. A pintura possui certas particularidades que escapam as outras formas de arte, afinal apenas o pintor tem o direito de olhar para todas as coisas sem qualquer necessidade de apreciação. A pintura ensina a viver a urgência de cada instante, afinal, cada instante é único e se vai sem retorno. Achei apaixonante a pintura dá-nos uma sensação suavizante, acalma nossos sentidos e nos inspiram a criar.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Bonança, 2009



Querido Nino

Hoje o jasmim laranja amanheceu florido. Há sempre isso de extraordinário no mundo. Lembra daquele seu cheiro doce? É ainda o único perfume doce que gosto... Mas é perfume suave também... você sabia definí-lo... Suavidade de flor pequena e branca que se abandona ao vento. Uma flor que cai alça vôo. As flores não são borboletas de jardim? Quem disse isso? Você?
Hoje havia centenas de borboletas brancas no chão de jasmim do jardim de limão. Era o tapete branco
em que nos aconchegamos naquele dia que descobrimos gostar do mesmo lugar. O chão branco de jasmim laranja...
E se me ocupo dele é porque escuto o seu silêncio e sinto o seu abraço de raiz na terra. O silêncio do abraço brando. Ô Nino, sinto saudades de ti...


Amor sem fim.




PS: O Rio de Claude Monet. O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros de Monet, "impressão, nascer do sol". Quando de uam crítica feita ao quadro por um escritor e pintor Louis Leroy: - Impressão, nascer do sol - eu bem o sabia! pensava eu, justamente se estou bem impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, e que suavidade num pincel! Um papel de parede é mais elaborado que essa cena marinha. A expressão foi usada inicialmente de maneira pejorativa, mas Monet e seus amigos adotaram o nome, sabendo da revolução que estavam iniciando na pintura.