quarta-feira, 9 de abril de 2008

Contemplando as estrelas

Olá, meus caros, venho... Não, não. Perdão! Poderíamos estar mais à vontade, se assim meus leitores desejarem. Sem friezas e superficialidades, sorrisos falsos e meias verdades. Sigamos na leitura do vento torrencial que entrou pela janela do meu quarto, trazendo um aroma muito querido meu, de jasmim laranja.

Lia certa noite, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre; um tête-à-tête. O meu mais novo caso de amor, mas o que digo? Que sabe vocês sobre as minhas máximas? Eu sou uma mulher e os livros meus amantes, e quem por mim se apaixonar deve, sobretudo, resignar-se aos meus casos de amor.

Lia com devoção cada frase e nada parecia no mundo me interromper em tal abstração. Mas qual nada! Uma brisa travessa da noite espalhou no meu quarto aquele cheiro querido. Cheiro de saudade, de coisa leve que vai e deixa um pesado vazio. Como alguém muito querido, um souvenir esquecido no tempo.

Olho para a janela, seus dois braços abertos, vejo fora a figueira verde linda, prateada de lua. O tronco dela se enramando numa cáustica sensualidade. E sua folhagem baila, e usa o som do vento para criar os seus passos bailarina.

E o céu, o céu é o motivo pelo qual vos falo, e toda a eloqüência vai por água a baixo. No instante em que lanço os meus olhos tontos de emoção ao alto. Sei não, mas eu acho que paraíso é aquele céu.

Era uma imensidão azul, toda cheia de estrelas, estrelas que encanta o coração da gente. Uma vez eu li que estrelas são pessoas que se foram e estão lá no alto pra olhar por nós. Mas eu acho que não é não. Se não, quem cuida da gente de manhã, hein?

São lindas as estrelas. Elas são as travessuras do dia, com saudade da gente. Estrelas é o dia espiando pelos buraquinhos que a noite deixa. É sim, tem coisa mais bonita não, só serve pra acalmar o coração desse mundão de gente que só olha pra frente e esquece de encarar o céu.

Oxe, oxe, sei não, é muita confusão, um céu desse tamanhão, todo luminoso, espetáculo divino do humano, uma catarse. Eu fico aqui pensando, com o tête-à-tête a mão, e me pergunto se é tudo teoria da evolução? Tu acha mesmo? Será que Darwin não chegou apenas em um momento a duvidar da sua tese, de que ela poderia ser uma certeza inconstante? Uma beleza e um encanto que fácil alcança o nosso espírito, um céu desses, e ele lá reativando a sua falta de fé, será que sempre foi assim? Aff, às vezes busco explicação e uma resposta pra pergunta, mas me abuso e jogo a questão no baú da ociosidade.

Mas se eu discordo da teoria da evolução, por suposto devo acreditar na existência de um Deus, um Deus que criou tudo. Num Deus que segura esses pontinhos luminosos com uma corda invisível pra gente não vê que tem o dedo dele, e que sustenta com equilíbrio mágico, quase humano, as estrelas, pedacinhos de sonhos, pra que não caia na cabeça da gente. Já pensou chuva de estrela?

E olha quem está lá amuada, a lua pequena meu bem. Tadinha, quase não te via menina! Deixe tá, que hoje eu tô assim minguada, mas daqui a uma semana eu sou a atração do céu. E é mesmo, ninguém liga para as estrelas quando a lua é lua cheia.

Aqui eu fico, no meu céu romântico de interior. E acabo de pensar, quem me dera ser como o homem do campo, cheio de fé; bela fé que subsiste na indolência de nada ser subserviente à razão.

E volto, pois a terra, depois de divagações, e volto na troca de carinho com o meu amante. Meu novo e querido amor, num quarto inundado de coisa boa, um cheiro que embala o coração, uma brisa que alisa o ambiente, e um gostoso brilho nos olhos.

Olhos que olham a minha volta e reparam no caos que se encontram os meus papéis, rascunhos, queridos livros e minhas idéias soltas ao léu, dentro de mim mesma há o caos. Mas - citando Nietzsche - é preciso ter um caos dentro de si para dá origem a uma estrela cintilante. Que seja!

Sem mais delongas, parto na catarse de ser eu mesma.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Por que Cata vento e outras coisas?

Bem vindo aos meus prezados amigos e aos não amigos também! Por que cata vento e outras coisas? Lá vem mais uma pergunta que eu costumo considerar como pergunta ociosa. E pergunta ociosa eu não refaço.
No entanto, após quase dois meses transcorridos desde o dia da criação do meu humilde e simplório blog, de súbito recebi a resposta, como que por magnetismo pulsante da minha vã criatividade. Enfim, encontrando o sentido de ter um blog, porque tê-lo e de onde surgiu o seu nome, decide postar aqui hoje as repostas.
Caro leitor, se você se encontrar enfastiado com tanto blá blá blá de uma escritora sem talento, por favor, não se acanhe, e pare imediatamente de ler este post (ou o blog todo!), daqui por diante você encontrará mais blá blá blás explícitos de tédio. Caso você decidiu prosseguir, que emocionante solicitude para com a minha pessoa.
Cata vento, Acredite se quiser meu prezado leitor, eu sou infantilmente apaixonada por cata ventos, desses que a gente encontra no zoológico (A propósito, a quanto tempo não vamos a ele hein??), e a gente sopra como quando em criança, só para ver a magnitude de seu simples movimento colorido. Mas é isso? Apenas isso? Eu ainda agora me pergunto, depois de já ter o texto pronto. Não, não é apenas isso, eu quis trazer para o meu blog a percepção que eu tenho do mundo que anda aflorando com intensidade nos últimos tempos. São piadas, contos, poesias, crônicas que exprimem a inquietação de mil idéias e impressões que farfalham a minha imaginação. Eu considero essa a fase onde o meu gênio torna-se pulsante e indomável, onde as idéias borbulham o meu espírito, é tempo de escrever, e nada pode deter a força desse desejo.
Então começo a caminhar em busca de um equilíbrio entre o que eu vejo e o que escrevo, como num terreno firme. No entanto, uma onda avassaladora de novas idéias surge para desarmonizar as anteriores, e enfim, posso encontrar o equilíbrio num solo movente, pântano que se move a cada nova impressão, a cada ponto em que o vento sopra com mais força, e que faz mexer, e que traga e é tragado. Um cata vento enfim, de idéias, de opiniões, críticas, desesperos, alegrias, sobretudo alegrias. É como pensar e transformar esse grupo de sensações que se repetem, irregulares, em diferentes momentos, dispare em tempos e espaços, não como no sentido de homogeneidade, mas como nóis, laçados, mas com lacunas, com buracos, que, no entanto fazem parte da própria trama.
Esse blog é como uma ferramenta onde eu possa exprimir o sentimento hoje, para analisar com a frieza do amanhã. É como entender as idéias do eu de ontem, tentando simplificar o ontem, assimilando este ao de hoje e complicando o de amanhã.
Basta, basta, não tenho mais coragem de torturá-los, compadeço-me do seu desespero, caro leitor, mas pretendo findar esse exaustivo texto para ambos, eu e o caro amigo, com uma ingênua provocação. A impressão pulsante, viva e colorida (ou negra) do ontem, continua no hoje lhe causando a mesma sensação?
Perdão, caríssimo, parece que andei fugindo do tema principal, mas e o vento, pergunto a vocês, move a que ventos?

P.S: Deixem ventos, ventanias e tufões, tenho a necessidade de obter opiniões, boas ou más. Serão bem recebidos os estímulos para aperfeiçoar o que nunca será perfeito, ainda bem, porque a perfeição me incomoda e sobretudo, gera tédio.

P.S2: Ah, não poderia deixar vocês sem uma frase que define a existência do meu blog, muito mais sucintamente que a minha eloqüência blablablalística.


"Para o acontecimento mais banal virar uma aventura, é preciso (...) começar a contá-la."
Sartre