sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ele existe, e eu sabia! hohoho!

Papai Noel apareceu lá em casa. Foi sim! Ele deixou pra mim um vestido florido. Flores de jardim. Uma gueixa de vestido amarelo. Tão mimosa que eu choro quando eu vejo. Uma tuia assim ó de livros. Mas o que melhor o papai Noel me deixou, foi a luz que papai do céu me deu todo ano. Foi mesmo visse. Era uma luz de estrela. E luz de estrela é mais que fogo de artifício. Esse explode, e puf, morre! E luz de estrela a gente guarda no coração e deixa escapar assim de mansinho, como coisas boas que a gente guarda no coração... Eu queria ser estrela! Queria! Não, não. Eu quero ser eu mesma. E que infinitas estrelas iluminem meu céu e que eu sempre lembre de olhar pra elas e admira-las. Sei não, mas acho que eu ganhei luz, então! Acho que ter luz é melhor que ter coisas guardadas no bolso, né não?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


Gosto de palavras doces. Afagos palavrosos. Versos cândidos.
Doçura.
Dessas que enchem o coração de sonhos de creme.
E me pergunto,
São palavras ou suspiros?
Nem sei,
Mas são tão doces
Que um dia mordo pra vê se é gostoso.



PS: Portinari é ultimamente o meu objeto de estudo. Por isso sua presença frequente aqui. Ele dizia, "o que penso como homem, penso como artista". Sua pintura é expressionista, e é considerado um dos maiores pintores modernista brasileiro.

domingo, 14 de dezembro de 2008

O mundo cata vento e outras coisas


Qualquer coisa muito agradável vem acontecendo e se harmonizando apreciavelmente aos meus quereres. E se escrevo hoje aqui é pela necessidade de traduzir em palavras os sentimentos. Os sentidos. Tidos como todos.


Hoje tenho a maravilhosa e encantadora liberdade de quem se curou da dolorosa sensação de estar desperdiçando a vida. Desde a minha descoberta do voluntarismo existencialista – Sobretudo Sartre e Beauvoir – compreendi o poder das escolhas, e mais ainda, descobri a certeza de que eu posso ser exatamente tudo o que eu quiser. E mais ainda, eu posso querer o mundo. Eu posso tê-lo. Eu posso desbrava-lo. Posso coloniza-lo. Posso descobrir. E colorir. Poder ser o que eu quiser só depende de mim, e do quanto estiver interessada nisso, porque agora eu sei que o mundo todo conspira para que aconteça, e eu só preciso desejar profundo.


Hoje, no meu quarto, a janela aberta deixava entrar um vento carinhoso e eu senti um abraço terno. Eu não tenho mais medo do mundo. E olhando pra trás, não com olhos de tristes de saudades, mas com olhos extasiados. Em um ano eu havia conquistado o mundo. O mundo que eu quis. O mundo que eu amava. Eu fiz tudo, exatamente o que eu desejei fazer. Eu quis ser estrela do abismo no espaço. Eu fui. E cantei de mansinho; oi nós aqui, oi nós aqui/ Hollywood fica ali bem perto/ Só não vê quem tem um olho aberto.


Eu escrevi. Escrevi. Escrevi. Escrevi a minha vida em palavras muito claras, singelas, ternas e simples. Eu fui atriz. Fui menina e mulher. Fui louca e egoísta. Fiz arte. Subversiva arte. Fiz peça. E continuei a escrever a minha vida como quem se rebela e tem o poder de tomar a pena do escritor da vida e escrever os seus anseios, todos. Eu quis ter um jeito de quem pisa em lua e não em pedras, escrevi oras. E andar como se caísse de mim pozinhos de candura, eu também escrevi isso.


Eu conquistei o mundo. O mundo que eu quis. E ganhei Doistoievsky’s. E ganhei amigos, novos amigos, queridos amigos, tantas mãos juntas ao meu redor, que junto tudo e faço um cachecol. Reconquistei antigos amigos, amei amigos. Solidifiquei amizades. Amei amigos. Construí pontes para o coração dos outros com sorrisos. Tudo isso eu escrevi. Apaixonei-me perdidamente, tantas vezes que nem conto. E me desapaixonei quando me encontrei.


Eu aprendi a não deixar cair uma gota de vida sem que ela fosse saciada de todas as maneiras. Eu descobri que eu vive em um ano, dez anos em que eu não vivi, tal foi a ânsia de viver tudo de todas as formas e jeitos e gestos. E agora, no fim do ano, fazendo o velho balanço, sentindo o vento que entra buliçoso pelo meu quarto, eu descobri que eu sou o mundo que eu quis.



PS: Portinari

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Para você uma flor...


Dia desses fui espetada com uma ponta afiada de indelicadeza e doeu de fazer ai bem alto na minha aura de flor. Quis revidar a ofensa... Mas tem tanta gente no mundo ocupada com as coisas brutas, que eu pensei cá com os meus botões, as coisas brutas já têm carinho de mais...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Dia de sol e passeio, bola de sol, bola de meia, bola de gûde

Eu tenho uma amiga Lili e com ela faço laço em vento, cego farol, vôo feito núvem solta e leve pelo céu, saio da Fundaj até o Mercado de São José a pé. Acho que foi justificativa pra ter mais tempo de conversar... E lá vem a desculpa da rua sem saída, e bola que vira sol, e bolsa de cinco reais, e uma boneca Lucinda! E volta que dá no mesmo caminho, é circo-lo colorido de palhaço... Joga semente no chão, joão e Maria, só pra se achar! Toda forma de descomplicar vida colorida. Colorida de bolinha de colar, bola de vestido, lilás de botão e da bolha de sabão, andar com Lili foi pura diversão!


PS: Lili você foi um doce encontro em um desencontro!

domingo, 19 de outubro de 2008

Segredos no meu caderno de anotações n.4




Apaixonei-me por um menino lindo, e eu sinto que ele é metade do que me faltava, eu gosto dos seus olhos! Eu os olho e vejo que são estrelas me espiando, e eu sorriu sempre, e abaixo os meus olhos, porque tenho vergonha de me encontrar nos olhos dele. Preciso tanto tê-lo perto de mim... E nem sei como acontecer! Digo a ele que é o menino por quem eu suspiro? Eu tenho tanta vergonha...

Como é bom gostar, passar o dia com um sorriso no rosto e ainda encontrar minha história, não num noticiário, mas nas minhas próprias palavras ternas que me afagam.


PS: A Woman at her Toilette - 1875. Berthe Marie Pauline Morisot (França 1841 - 1898). Foi a primeira mulher a se juntar ao grupo dos Impressionistas franceses. Apesar dos protestos de seus amigos e familiares, ela continuou lutando em busca do reconhecimento.

segunda-feira, 28 de julho de 2008


Uma nuvenzinha sozinha
Que está sonhando
Com um mundo azul.
Azul é o avesso do triste...
Eu acho!

terça-feira, 8 de julho de 2008


Amo as palavras
E essa é a razão
Porque gosto tanto de escrever
É meu sangue que circula nas palavras
É minha vida que palpita em cada verso
Até no branco das entrelinhas
Afinal,
Algo se aproveite desse turbilhão
De acontecimentos que é a vida.
Procuro a paz das palavras...
E nada mais
É preciso para acalantar meu coração.


PS: A estátua número 12, do circuito da poesia, de Recife, Pernambuco. Encontrada, ali, na praça Maciel Pinheiro, perto da Rua do Hospício,e que era há décadas atrás o coração do Recife. Aí está Haia Lispector, digo, Clarisse Lispector.

segunda-feira, 7 de julho de 2008


Fico feliz por Deus não me dá tudo o que peço...
Bem bom que posso sonhar.
E os meus dedos
Se não podem
Tocar no céu noturno...
Remexer as estrelas
Assoprar e fazê-las mover
Numa dança mágica.
Traduzo então,
No papel branco
Um Céu noturno.
E tantas palavras
Vagas,
Em estrelas.
Estrelas
Sólitárias
Juntas
Que viram um mundo.
Um mundo de poesia...


PS: Noite Estrelada, 1889, Van Gogh.

domingo, 6 de julho de 2008


Olá meus caros, perdoem-me o cessar das minhas inspirações poéticas, se venho com uma malfadada pequena crônica interpolar meus sutis versozinhos. No entanto, meus amigos, não me acusem de ingratidão a quem se prestou tão amavelmente a divulgar as pretenções de uma escritorazinha de meia pataca, e como disse no meu primeiro post "... Quis trazer para o meu blog a percepção que eu tenho do mundo e que anda aflorando com intensidade nos últimos tempos. São piadas, contos, poesias, crônicas que exprimem a inquietação de mil idéias e impressões que farfalham a minha imaginação." Dito isto, isento-me de culpa, e venho cumprir com a minha palavra.

Fui batizada, fiz primeira comunhão, sou até crismada, e minha família vive nas práticas do catolicismo. No entanto, essa minha curiosidade pulsante, ouso até dizer ardente, mania de querer conhecer todas as coisas do mundo, excessivamente. Talves por desejar possuir a existência total do universo, isso tenha me levado a buscar outros conhecimentos no campo religioso, ou talves como costumo algumas vezes pensar, seja uma busca irrefreável sobre a existencia humana, sobre Deus. Dou, assim, à minha curiosidade a conta dos meus estudos sobre o Espiritismo, a Ubanda, o Catolicismo, o Budismo, o Protestanismo.

Admito, meus caros, Não encontrei nenhuma verdade absoluta dentro de nenhuma delas. E confesso, amargamente, que quanto mais lia sobre elas, mais subserviente à razão eu me tornava. Não me interessa aqui demonstrar argumentativamente as teorias de cada religião, durante um tempo estudei-as, cheguei mesmo a participar ativamente de algumas, sem ousar julgar aquilo que muitas vezes me chocava. No entanto, inventava explicações para o que encontrava de inútil ou de incompreenssivel. Debalde, porém, a razão não se submetia ao jugo de dogmas, e sobretudo, revoltava-se contra a odiosa questão da intolerância das igrejas umas com as outras. Que dou gentilmente, a devida alcunha de preconceito.

Sim, mas porque vem a Laura, falar tudo isso? Meus caros, estou perplexa com a intolerância da opinião de um jovem missionário que nos visitou hoje, em minha casa. Apesar de vivermos na prática do catolicismo, como já disse, minha família aprecia e se interessa por outras religiões e comunente comentam o sincretismo que perpetua nos ambientes na minha casa. Encontram-se, numa furtiva olhadela, um Buda de ouro envelhecido sobre a mesa de centro, uma bíblia católica ao lado de uma bíblia envangélica, insensos, e uma imagem de nossa senhora das Graças, convivendo numa singular harmonia.

E foi por implicância com o pobre Buda que essa jovem veio-nos pregar, dando-nos uma "liçãozinha" religiosa, considero-a indispensável. Mas o rapaz era corajoso, porque a despeito de meu irmão ser também um missionário radical, não aceitamos defesas obstinadas em menosprezar ou espezinhar qualquer religião que seja. Isso me fez refletir sobre o preconceito religioso, ele existe! Pasmem.

Não sou budista, mas aprecio a idéia de condicionar à mente, diante do cotidiano, a alcançar a paz, serenidade, alegria, sabedoria e liberdade perfeitas. Que mal há nisso? Adorar um Deus que é diferente do Deus católico é pecado? Por que?

Li a Bíblia apenas uma vez, e encontrei mensagens que mostram a busca pelo equilibrio de nossas naturezas, porque somos um pouco de tudo, é como a filosofia do yin yang, que nos mostram a melhorar como seres humanos que somos. E aí está a verdadeira mensagem da Bíblia, ninguém deve julgar a religião do outro, julgamentos são tendenciosos. E se queremos ser juízes, não esqueçamos que seremos também réus.
Creio antes em Deus, que é para mim o amor, e sobretudo, creio que a verdadeira vontade de Deus é que todo o homem ame os seus semelhantes e proceda sempre com os outros como deseja que os outros procedam conosco.

E Digam-me vocês, não é isso que todas as religiões pregam? E por que então tanto julgamento? Sempre detestei a intelerância religiosa, por considerá-la preconceito, a minha natureza como que se revolta à sua sombra.

Amemos, meus amigos, cada flor, cada raio de luz, cada folha seca que cai, amemos os animais, até os feios! Ame os homens, as pedras, as máquinas... Amando a tudo, encontraremos o mistério de Deus em tudo.

sábado, 5 de julho de 2008

Je suis terriblement ennuyeux



Cansei dessa elegância de comportamento.
Cansei de relevar ofensas.
Cansei de esquecer...
Quero vingar-me
Sentir com prazer
O gosto de fazer sofrer...
Não quero ser delicada.
Sutil.
Educada.
Preciso dar um basta
Nessa minha aura de flor...
Essa mania de ferirem
Minhas pétalas
Vai acabar!
É aviso prévio!
Que mania a minha de conciliar.
Vê pedacinhos de mim
Despedaçados assim
Nos meu pés,
E nem chorar...
Não vou mais poetizar
Nem homens
Nem pedras,
Nem máquinas,
E muito menos almas...
Já disse,
É um basta!
Não vou amar
Mais nada.
Nem estrelas.
Nem cheiro de chuva.
Nem céu.
Nem flor.
Penso nisso,
Reflito,
Enterneço-me,
Mas não mudo nunca...



PS: A voz, Munch, Museu de Belas Aretes, Boston. Perseguido pela tragédia familiar, Munch foi um artista determinado a criar "pessoas vivas, que respiram e sentem, sofrem e amam". Recusou o banal, as cenas interiores pacíficas, comuns na sua época.Ele pinta a dor de existir, numa arte expressionista. O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. Corrente artística concentrada especialmente na Alemanha entre 1905 e 1930.

sexta-feira, 4 de julho de 2008


Olhe moço,
Cá o senhor encontra,
Um dedinho de prosa,
E uma mão cheia de versos.


PS:O Violeiro, 1899 de Almeida Junior. Uma parcela da crítica de arte brasileira o vê como o “pintor do nacional”, pois, em suas telas figuram os costumes, as cores e uma suposta luminosidade regional, contrários à uma tradição eurocêntrica vigente na pintura acadêmica.

quarta-feira, 2 de julho de 2008


Às vezes paro pra escutar
A valsa dos ventos...
Ouvir passar o tempo,
Passar o vento...
Parece que a vida vale a pena.
É colorida e bela.



PS: Jardim dos poetas, Vicent Van Gogh, foi um pintor neo-impressionista, considerado comumente como o melhor pintor do mundo, mas suas obras só foram reconhecidas após sua morte. Van Gogh é considerado pioneiro na ligação de tendências impressionistas com as aspirações modernistas.

domingo, 29 de junho de 2008

La rue de Aurora,

Rue de mes souvenirs...







Ps: Rua da Aurora, Recife. Pintura no paint, feita por mim!!! E essa rua, paralela ao rio Capibaribe, denominada anteriormente de Rua Formosa, tem esse nome por que olha pra nascente do sol. Que poético...

sábado, 28 de junho de 2008


Procuro um amigo sozinho,

De andar

Discreto.

Quieto.

Singelo.

Procuro com desespero um amigo.

Que leia os russos, que goste de Renoir,

Que goste de caminhar e conversar ao luar

Que saiba se aproximar

E se apaixonar...


PS: Jeanne Marguerite Lecadre in the Garden, Monet.


Ela tem nome de poema

E me visita muito

No cata vento dos meus sonhos.

E eu,

Eu gosto sempre de visitá-la

Lá no seu canto,

Canto colorido de caneta vazia.

Ela visita e aprecia

O meu jardim de poesia.

Ela é hoje até a rega do meu pé poesia...

Olhe, moça

Os portões estão sempre abertos

Para as moças feitas de versos!

Mais hoje eu quero mais...

Mais um pouco de ti.

Quero encontrar-me contigo.

Numa dessas tardes raras de sol.

Eu levo um lanchinho.

Uma alegria,

Um sorriso sincero,

Um abraço,

Pra gente ficar olhando tudo

Árvores que contam histórias por si só

E faço questão da presença do pardalzinho...



Ps: Escrevi pra tereza, minha amiga-irmã que vive me visitando aqui no meu canto poesia, mas esquece de me visitar na minha casinha... Minha família, que é a tua, está morrendo de saudades... Dito aqui no blog, fica como intimação pra moça me visitar de verdade, viu!!!
Obrigada pela presença constante aqui, seja sempre bem vinda!!!
PS1: Aos meus leitores um outro Renoir, pra fazer bem aos olhos e a alma...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A espera de parte de mim que não conheço...


Quantos dias já o dia amanheceu,

E o sol nasceu e dormiu,

Sossegado...

E essa minha mania de esperar

Por quem não conheço!

Que não cessa...

Fios de anos,

Figuras fugáses ao meu lado.

Passo ao lado do passo errado.

Que resignação por esperar!

Eu descanso os olhos curiosos

No fato do ato de esperar

Por alguém que seja daqui,

Que venha de longe...

Contando as estrelas do caminho,

Guardando os tons alaranjados,

Pitalgados de tristezas contidos no entardecer,

De uma terra nunca por mim vista.

E possua nos olhos,

O brilho triste de ter amado

O brilho que lhe faltava aos olhos do amado.

Ah, o velho amor ao brilho errado...

Que traga calos.

Lágrimas.

Amores não correspondidos.

Sonho de conhecer o mundo.

Sonho de creme.

Sonho de amor verdadeiro.

Amor possível.

Amor a liberdade.

Amor ao simples.

E belo!

Um violão que lhe pese nas costas,

Uma música bela.

Minha namorada, de Vinícios!

Ame Gógol,

Mas reconheça a genialidade de Dostoievski

Leia poemas de amor,

Nas minhas noites de insônia.

E receba das minhas mãos

Carinho despretenciosos,

Pretenciosos também...

Sim, ia-me esquecendo!

Que fale francês.

O amor fala francês!

Se é real?

Impossivel. Dúvida. Ilusão.

Não, sei...

Talvez seja real!

Pode chegar...

Olha o tempo acenar pro momento!!

êta, sonho vã...

Essa mania de esperar por quem não conheço...



P.S. Le moulin de la Galette, Montmartre (1876), trata-se de uma tela de Renoir, umas de suas obras mais importantes, e a segunda tela mais cara do mundo, atualmente pertence ao Museu D'Orsay de Paris. Retrata a vida parisiense do sec. XIX, o luxo e o estilo ambicioso da arte nouveu em traços delicados do impressionismo. Senhores, reparem na moça de listrado, sentada a um banco, sorriso claro, olhos distantes... Não lhes parece que a moça anda sonhando com o que virá??? Esperando alguma coisa que ela não sabe o que é, mas que virá! Reparem, senhores...

quarta-feira, 18 de junho de 2008


Onde o carro me levava

Cada curva, cada linha reta

O sol acompanhava o meu rosto

E eu sorria...

Era afago doce de sol

E o vento dando nó no meu cabelo livre

Fazia pirraça,

Só pra me fazer penteá-los

E eu que nunca perco tempo com isso!

E nessa tentativa de não ser sufocada pelo vento

Que me batia e me beijava

Elevei os olhos aos céus

Rogando compustura!

Ora, que deixasse de ânsia!

E o céu

Adoro céu azul. Cheio de núvens de algodão.

Que espetáculo me oferecia.

E eu que há anos não construo desenhos nas núvens,

Vi um elefante saltando cerca

E eu sorri ...

Sorri de feliz.

Eu era um catavento amarrado pelas cordas da esperança.
PS: A tela é de Monet.

A morte nunca é feliz

Mas pode ser romântica...

Se eu pudesse escolher como morrer,

Estaria sentada numa cadeira de balanço,

Sob um pequeno. Gracioso. Florido.

Pé de jasmim laranja.

O meu velho pé poesia...

Ao lado, sobre uma mesinha.

Um vaso. Lírios amarelos.

Uma xícara de café.

Por companhia, um sonho de creme.

É obrigatório, um fiel Dostoievski no regaço.

Qualquer um...

E o céu desse dia seria azul.

Azul. Bem azul.

Pitalgado de núvens branquinhas.

Núvens que parecem sonhos.

Ah e a música!

Toda a morte tem uma música.

Como uma hístoria de amor.

Sempre tem uma canção...

O Lago do Cisne.

E de repente,

Como se eu fosse tomada por um pesado sono.

Cançaso de viver.

Os olhos antes tão vivos, fecham-se.

Como as cortinas de uma grandiosa peça.

Hamlet.

No final do último ato.

E a brisa suave que bate no rosto...

Farfalhar de folhas,

são os aplausos da vida...

E a luz do dia, deu lugar a uma penumbra violácea.

É o último adeus.

Fecham-se os olhos.

Finda-se a vida.

E eu aqui, pensando, com o meu Dostoievski no regaço...




Ps: Esta tela chama-se "a moça com livro" é uma pintura impressionista (amo!) do brasileiro Almeida Júnior (1850-1899). No panorama da pintura nacional, Almeida Junior aparece como autêntico prercursor. Os personagens do pintor são de carne e osso, que o proprio Almeida conhecia pessoalmente, gente que tinha nome, vivia, amava. Em "a moça com livro" ele retrata Laura, a mulher que tanto amava e por quem morreu esfaqueado, pelo marido desta. Laura inspira quase todas as suas figuras femininas... E que delicadeza! Que doçura!

segunda-feira, 16 de junho de 2008


Um nó.

Garganta seca.

Coração...

Apertado.

Angústia.

Solidão.

Janelas que oprimem

A liberdade pulsante

Asas feridas.

Pássaro caído.

Mãos frias com que escrevo...

Palavras frias.

Falta de ar

Lagrimas represadas

Céu escuro, dia negro.

Chove...

O dia chora.

É guerra dentro de mim.

P.S. A obra acima é chamada de "o grito", pintura de Edvard Munch. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. A obra é uma das mais famosas que representam o movimento expressionismo. A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, é dolorosa também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Nos introjetamos no quadro e passamos a ver o mundo torto, disforme e isso nos afeta diretamente e participamos quase interativamente da obra.

quinta-feira, 12 de junho de 2008


O olhar pousado ao céu

Azul, azul...

Sem tonalidade sobreposta,

Com mil núvens, brancas, muito brancas...

Formando desenhos que lembram sonhos.

E o campo verde amplo,

Com arabescos de núvem

E verde, verde, bem verde.

E o sol? Nem me lembro...

Só vejo o céu... e o campo...

Que singelo. Que suave.

Motivo pra felicidade.

Felicidade que dá quando como sonho de creme com café.

Chama-me boba...

Simples.

Só por cultivar um gosto particular pelos pequenos prazeres.

Se não a vida não brilha.

Não tem graça.

Boba, sim...

Sim, sensível ao charme discreto das coisas simples da vida...

Céu azul, azul

Campo verde, verde

Brinco de princesa...

Lírio branco.

Toque sutil de vento

Cócegas de beijo.

Café!

Lar de mãe...


PS: A tela é do impressionista Claude Monet, chama-se"Mulher com sombrinha" (1875), também conhecida como "Madame Monet e o filho" é uma das mais famosas obras do pintor impressionista Claude Monet. O fascínio deste quadro não está nas identidades dos retratados, mas no modo pelo qual a luz e a brisa conservam-se na tela para um eterno deleite.

quarta-feira, 28 de maio de 2008


-Interessante! ... Aquela borboleta colorida no meu jardim, que pelo espaço

imenso, incerto, adeja.

Dança, baila, voa.

E não tem nada.

Porque nada deseja

e no entanto, tem tudo.


- Um palco armado.

- Um céu estrelado.


Ela é dançarina e eu, ora, eu a admiro, enfim, sonhando em ser como ela, um dia.



sábado, 10 de maio de 2008

O Maior Amor do Mundo





Ele chorava desesperado, como quem tem medo da solidão, essa solidão que vem da falta de confiança em quem te segura a mão. E chorava com dor por saber tão pequeno faltar-lhe aquele amor, o amor maior do mundo. Cala dor. Emenda. Seca lágrima. Riso se abre. Rio se torna. Enche coração selvagem. Fecunda alma hostil. Habita casa deserta. Êêêêê amor materno.


Para mim, perdão a intervenção da escritora não tão onisciente, assim, a pior dor do mundo é de não ter mãe. Espelho fiel. Pilares da vida. É como perder brilho nos olhos, não, pior. É como ter um brilho triste nos olhos.


Ela, angustiada, jovem, inexperiente no amor de mãe. Queria calar aquele choro convulsivo. Triste. Cortante. Desesperado. Ela sabia o motivo. Mas desejava fazer sarar o dodoi do coração do bebê. Preto na cor, branco de paz no coração. E ela, cheia de bondade e luz só desejava assegurar-lhe que estava tudo bem, que ela era a nova mãe dele, sem o ser, e ele sabia que não o era. Criança sente e sabe coisa que adulto não sabe. E a vontade dela cuidar, acarinhar e vê sossegado aquele bebê foi tão grande que ela tornou-se mãe naquele instante, sem o saber.


No dia seguinte, depois da primeira noite de insônia forçada, ela decidiu-se, diante do medo, e sobretudo da impotência de não tê-lo feito parar o choro triste, devolvê-lo. Pensou que não sabia ser mãe dele. Pensou, talvez, que o sangue falasse mais alto. Pensou antes de tudo, que não tinha talento para ser mãe dele. Não sabia ela que toda mulher já nasce com talento de ser mãe de tudo!


E pensou, enfim, sem saber que já era sim mãe dele. Levou-o a mãe verdadeira. Mas a mãe que supunha ser a falsa, sentiu um peso tão grande no coração, como se lhe expremessem o pobre. Era uma dor, um peso. Uma falta de algo que se vai. Ora, direis, saudade? Era um pedaço pequeno, taquinho preto deixado pra trás. E não dormiu a segunda noite. E chorou, chorou como se lhe tivessem arrancado algo. Importante. Valioso. Sublime. Amor eterno. O maior amor do mundo. E ora, pergunto, arrancaram-lhe um filho? E ela descobriu que sofria como mãe. E amava como mãe. E descobriu-se mãe.


Bem mal raiou o dia, foi buscar o filho de volta. Ele reconheceu a mãe. Ela reconheceu o filho. E outras tantas noites de insônia forçada vieram no primeiro, no segundo e no terceiro filho.



À minha mãe,

Ela me deixa voar com as aves, mas ainda me vê menina adormecida no fundo de seus olhos.

quarta-feira, 7 de maio de 2008



Quero falar de saudades. Estranho desejo pulsante.
Inapropriado, ora, direis, forte, mas silenciado.
Grito histérico.
Pavor e êxtase. Saudade que fisga louca, falta do que existiu.
Marca eterna, lembrança. Cicatriz. Sentido, tatuagem.
Aperto no peito, asas que batem forte, livres vôos pelo mundo. Esquecer-me do resto. Posso? Devo?
E o caminho, trilha só! O meu não. O resto... O resto, tempo incerto. Quero. Vibro. Marco. Guardo. Embalo. Coloro de todos os bons fluidos. Preenche-me um acalanto, marca de giz. Preencheu-me de ti no instante já. E até que a ti veja novamente.
Deus te guarde na palma da mão.



Aos amigos que tive o prazer de rever nas esquinas do meu caminho torto, esta semana.


Quanto a saudade, outono e renascer

o que fica, é o gosto da poesia revelado.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A criação do homem (1511), de Michelangelo, Capela Sistina Vaticano. Essa cena, sem dúvida expressa a inigualável genialidade do artista, representando a criação do homem. Na obra tanto Deus quanto Adão, representa o magnífico e harmonioso ideal de beleza no renascimento.


Olhando essa pintura num livro de artes, dia desses, veio-me a sempre questionável dúvida da existência de Deus. Digo dúvida, porque há momentos em que acredito fielmente na sua existência e me ponho a questionar a sua não existência, diante de tanta perfeição.


Ainda essa semana, ganhei de um amigo uma orquídea amarela, a minha preferida, por ser assim tão alegre e singela, encanta-me. Pela manhã ela abre insinuando sua delicadeza e perfeição, e a noite, pra descansar, ela se fecha em botãozinho amuado, pra poder no outro dia renovar-se em esplendor, e eu admira-la extasiada. E me pergunto, é assim, tão bela sem ter motivos para sê-lo? Questiono o mistério por trás de tanta beleza, não só da orquídea, mas, sobretudo da vida. Então eu penso em Deus, e duvido da sua não existência.



Vivo então, a me consolar, respondendo a mim mesma que eu não creio porque não posso ver, é a dúvida que margeia uma criatura tão subserviente à razão. A sombra vê apenas o corpo que a projeta, mas nunca a luz que lhe dá vida.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Contemplando as estrelas

Olá, meus caros, venho... Não, não. Perdão! Poderíamos estar mais à vontade, se assim meus leitores desejarem. Sem friezas e superficialidades, sorrisos falsos e meias verdades. Sigamos na leitura do vento torrencial que entrou pela janela do meu quarto, trazendo um aroma muito querido meu, de jasmim laranja.

Lia certa noite, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre; um tête-à-tête. O meu mais novo caso de amor, mas o que digo? Que sabe vocês sobre as minhas máximas? Eu sou uma mulher e os livros meus amantes, e quem por mim se apaixonar deve, sobretudo, resignar-se aos meus casos de amor.

Lia com devoção cada frase e nada parecia no mundo me interromper em tal abstração. Mas qual nada! Uma brisa travessa da noite espalhou no meu quarto aquele cheiro querido. Cheiro de saudade, de coisa leve que vai e deixa um pesado vazio. Como alguém muito querido, um souvenir esquecido no tempo.

Olho para a janela, seus dois braços abertos, vejo fora a figueira verde linda, prateada de lua. O tronco dela se enramando numa cáustica sensualidade. E sua folhagem baila, e usa o som do vento para criar os seus passos bailarina.

E o céu, o céu é o motivo pelo qual vos falo, e toda a eloqüência vai por água a baixo. No instante em que lanço os meus olhos tontos de emoção ao alto. Sei não, mas eu acho que paraíso é aquele céu.

Era uma imensidão azul, toda cheia de estrelas, estrelas que encanta o coração da gente. Uma vez eu li que estrelas são pessoas que se foram e estão lá no alto pra olhar por nós. Mas eu acho que não é não. Se não, quem cuida da gente de manhã, hein?

São lindas as estrelas. Elas são as travessuras do dia, com saudade da gente. Estrelas é o dia espiando pelos buraquinhos que a noite deixa. É sim, tem coisa mais bonita não, só serve pra acalmar o coração desse mundão de gente que só olha pra frente e esquece de encarar o céu.

Oxe, oxe, sei não, é muita confusão, um céu desse tamanhão, todo luminoso, espetáculo divino do humano, uma catarse. Eu fico aqui pensando, com o tête-à-tête a mão, e me pergunto se é tudo teoria da evolução? Tu acha mesmo? Será que Darwin não chegou apenas em um momento a duvidar da sua tese, de que ela poderia ser uma certeza inconstante? Uma beleza e um encanto que fácil alcança o nosso espírito, um céu desses, e ele lá reativando a sua falta de fé, será que sempre foi assim? Aff, às vezes busco explicação e uma resposta pra pergunta, mas me abuso e jogo a questão no baú da ociosidade.

Mas se eu discordo da teoria da evolução, por suposto devo acreditar na existência de um Deus, um Deus que criou tudo. Num Deus que segura esses pontinhos luminosos com uma corda invisível pra gente não vê que tem o dedo dele, e que sustenta com equilíbrio mágico, quase humano, as estrelas, pedacinhos de sonhos, pra que não caia na cabeça da gente. Já pensou chuva de estrela?

E olha quem está lá amuada, a lua pequena meu bem. Tadinha, quase não te via menina! Deixe tá, que hoje eu tô assim minguada, mas daqui a uma semana eu sou a atração do céu. E é mesmo, ninguém liga para as estrelas quando a lua é lua cheia.

Aqui eu fico, no meu céu romântico de interior. E acabo de pensar, quem me dera ser como o homem do campo, cheio de fé; bela fé que subsiste na indolência de nada ser subserviente à razão.

E volto, pois a terra, depois de divagações, e volto na troca de carinho com o meu amante. Meu novo e querido amor, num quarto inundado de coisa boa, um cheiro que embala o coração, uma brisa que alisa o ambiente, e um gostoso brilho nos olhos.

Olhos que olham a minha volta e reparam no caos que se encontram os meus papéis, rascunhos, queridos livros e minhas idéias soltas ao léu, dentro de mim mesma há o caos. Mas - citando Nietzsche - é preciso ter um caos dentro de si para dá origem a uma estrela cintilante. Que seja!

Sem mais delongas, parto na catarse de ser eu mesma.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Por que Cata vento e outras coisas?

Bem vindo aos meus prezados amigos e aos não amigos também! Por que cata vento e outras coisas? Lá vem mais uma pergunta que eu costumo considerar como pergunta ociosa. E pergunta ociosa eu não refaço.
No entanto, após quase dois meses transcorridos desde o dia da criação do meu humilde e simplório blog, de súbito recebi a resposta, como que por magnetismo pulsante da minha vã criatividade. Enfim, encontrando o sentido de ter um blog, porque tê-lo e de onde surgiu o seu nome, decide postar aqui hoje as repostas.
Caro leitor, se você se encontrar enfastiado com tanto blá blá blá de uma escritora sem talento, por favor, não se acanhe, e pare imediatamente de ler este post (ou o blog todo!), daqui por diante você encontrará mais blá blá blás explícitos de tédio. Caso você decidiu prosseguir, que emocionante solicitude para com a minha pessoa.
Cata vento, Acredite se quiser meu prezado leitor, eu sou infantilmente apaixonada por cata ventos, desses que a gente encontra no zoológico (A propósito, a quanto tempo não vamos a ele hein??), e a gente sopra como quando em criança, só para ver a magnitude de seu simples movimento colorido. Mas é isso? Apenas isso? Eu ainda agora me pergunto, depois de já ter o texto pronto. Não, não é apenas isso, eu quis trazer para o meu blog a percepção que eu tenho do mundo que anda aflorando com intensidade nos últimos tempos. São piadas, contos, poesias, crônicas que exprimem a inquietação de mil idéias e impressões que farfalham a minha imaginação. Eu considero essa a fase onde o meu gênio torna-se pulsante e indomável, onde as idéias borbulham o meu espírito, é tempo de escrever, e nada pode deter a força desse desejo.
Então começo a caminhar em busca de um equilíbrio entre o que eu vejo e o que escrevo, como num terreno firme. No entanto, uma onda avassaladora de novas idéias surge para desarmonizar as anteriores, e enfim, posso encontrar o equilíbrio num solo movente, pântano que se move a cada nova impressão, a cada ponto em que o vento sopra com mais força, e que faz mexer, e que traga e é tragado. Um cata vento enfim, de idéias, de opiniões, críticas, desesperos, alegrias, sobretudo alegrias. É como pensar e transformar esse grupo de sensações que se repetem, irregulares, em diferentes momentos, dispare em tempos e espaços, não como no sentido de homogeneidade, mas como nóis, laçados, mas com lacunas, com buracos, que, no entanto fazem parte da própria trama.
Esse blog é como uma ferramenta onde eu possa exprimir o sentimento hoje, para analisar com a frieza do amanhã. É como entender as idéias do eu de ontem, tentando simplificar o ontem, assimilando este ao de hoje e complicando o de amanhã.
Basta, basta, não tenho mais coragem de torturá-los, compadeço-me do seu desespero, caro leitor, mas pretendo findar esse exaustivo texto para ambos, eu e o caro amigo, com uma ingênua provocação. A impressão pulsante, viva e colorida (ou negra) do ontem, continua no hoje lhe causando a mesma sensação?
Perdão, caríssimo, parece que andei fugindo do tema principal, mas e o vento, pergunto a vocês, move a que ventos?

P.S: Deixem ventos, ventanias e tufões, tenho a necessidade de obter opiniões, boas ou más. Serão bem recebidos os estímulos para aperfeiçoar o que nunca será perfeito, ainda bem, porque a perfeição me incomoda e sobretudo, gera tédio.

P.S2: Ah, não poderia deixar vocês sem uma frase que define a existência do meu blog, muito mais sucintamente que a minha eloqüência blablablalística.


"Para o acontecimento mais banal virar uma aventura, é preciso (...) começar a contá-la."
Sartre