segunda-feira, 15 de março de 2010

Fiz um love song para você


De todos os que eu já amei
Ele é meu bem bem mais querido.
Cheiro de amor que nasce de flor
O velho amor bossa nova chegou.
Esperado a anos.
Romance em silêncio
Melodia de coração cantor
Tem sempre um ar de magia
Se não fosse
Não seria especial pra ele
Que me compreende
Que gosta de praia
Da liberdade,
E de mim.
Sei porque sinto
E se o sinto é porque ele vive e pulsa.
Teus lábios em minha mão,
Roçar de cócegas
Faz sorrir coração-turbilhão
De segredos partilhados
Eu e o meu bem
Bem mais querido.


PS: O aniversário, de Marc Chagall.

PS: Música aconselhada para o momento Crusin, Smokey Robinson e Miracles.

Recife, Março de 2010


Laura como vais? Que saudades tuas no baile municipal (sei que isso lá vai já quase um mês, mas nunca se vai deixar de reclamar uma falta). Fizeste uma falta enorme. Nunca em tão mal dia escolhestes para nos deixar. Alem da grande falta no baile, destroçasses o nosso grupo. Ora, estais trocando os velhos pelos novos amigos? Ora direis!
De longe em bem longe vejo o Florius em alguma praça escrevendo seus contos, e já agora que viaja verei de tempo mais longo ainda. Quando chegar, penso que lá vou conversar um pouco com o nosso amigo casmurro. Só com Sofis estou semanalmente. Vê querida, fazes uma falta imensa, enorme mesmo. Apesar do teu cabotismo imenso, quero-te bem (bem até demais para a sua arrogância). E o Nino, a quantas anda? Responde-te as cartas? Porque as minhas, tenho certeza,de que das dúzias que mandei, não abriu uma. Que faz ele? Mostrou-te as idéias ultimas dele? Ficou meio aborrecido comigo porque eu disse que não gostei. Mas se ele soubesse quanto morro de saudades dele, fazia logo as pazes comigo.
Caso importante. O Bento Dantas partiu para a Argentina. Mandou-me uma carta de despedidas em que havia isto: Lembranças a nossa Laura e diz-lhe também que lhe mando um beijo como um pedido de desculpas. Mas que diabos houve entre vocês para se estranharem?
Os Rapazes daquela revista te pedem um parecer sobre a porca Louis Vitton de Nice. O que por mim já sabes a franca opinião, mas se tu queres se meter nisso. Não se esqueças de me mandar antes. Espero-a com ansiedade desesperada.

Adeus. Como não tenho um sorriso bonito pra te mandar, beijo-te a mão.
Helano

PS: Kandinsky.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Montparnasse, 5 de março


Laura minha adorada correligionária das coisas encantadoras de Bonança. Bom dia. A tarde já caí lá fora. Os rumores do pôr-do-sol magnífico se acalma lentamente. Aqui no meu apartamento, tão vazio de alegria, na frieza da rue Notre Dame des Champs, Montparnasse, o Lar da Boémia e o coração cultural da frança do Nino, eu cismo sozinho. Cismo e ao meu pensamento só vem de leve pousar como uma andorinha no fio elétrico a recordação dessa minha amiga. Das nossas doces lembranças de amizade. Lembro-me assim de ti. Numa tarde assim, deu um gosto de sossego e alegria no meu coração. Das lembranças de amizade. Como vão vocês aí, agora com a nossa Sofis de volta? Imagino deste jeito, você lendo e estudando muito sobre arte pós-moderna, outras vezes retocando com lirismo o seu livro de poesia. O Helano escrevendo contos em alguma mesa de bar. Sofis pintando margaridas adoráveis. Algumas noites farras. Todas as noites farras. Que bom que estão vocês três juntos de novo. Já arranjaram tudo para Sofis não é? Não se esqueçam de andar sempre na camaradagem. Não gosto de briguinhas, gosto de sossego, de andar de braços dados pelas pontes do Recife, com os dentes bem arreganhados num sorriso.
Querida, mostre essa carta para o Helano pra ele aprender como se faz cartas. Ele não escreve nada, não fala nada de interessante, só faz literatura. Só sei dele por você. A propósito, Como foi a noite Nômade do Helano? O Helano. Ah o Helano! Estou apostando que está se perguntando como eu sei disso. O nino meu anjo, soube por ele que soube por você.
Estou bestando numa vida antiminha. Sem lirismo nem prosaísmo, só trabalho por dinheiro. Mas deixa só abril chegar pra você ver se eu não volto a fazer literatura.
Querida vê se voltas a me escrever, com essas já são seis cartas que te mando sem respostas. Aposto que as do Nino respondes sempre. Ao menos sei que quando chegas em casa encontras na tua mesinha de trabalho um ramalhete perfumado de cartas minhas. Espremendo bem deve dá a essência dessa amizade que não se apaga.

Um abraço comovido,
Teu amigo
Florius.


PS: A ponte, de Monet.