quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ela e um poema


Mandou te avisar
Que não te zangues,
Mesquinho foi, ele sabe
Mas diz que é ciúmes.
E mandou te avisar
Gosta? Gosta que já um vizinho me avisou.
Mas é solidão de livro
E tu gosta?
Diz a ele que escrevo um poema
Sem pena ou rancor
Mas diz por favor
Que já não o amo
Que já não desejo encontros casuais
Não gosto desse seu ia,
ia ver se dava certo,
E a massa desandou.
Desatino, desatino
Imprudência de amor
Esse seu eterno não dá
Solidão de amor
Caberá?
Assim apertadinho dá.
Diz que já não o amo
Que passou
E tudo esfriou
Passeando no tempo
E eu percebi
Que meus olhos já não são os mesmos
Que ele perdeu o lume
Solidão de asas
É liberdade de céu
Vôa, vôa pra longe de tu
Que nem assobio de vento
Mas diz antes a ele,
Ou depois,
Que remeto-lhe um beijo
E um perdão pela não renúncia de amor.


PS: Promenade de Chagall. Marc Chagall trabalhou intensamente para integrar seu mundo de fantasias na linguagem moderna, derivada do fauvismo e do cubismo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

As noites nômades do Helano


Cinco dias eram a quantidade de dias que ele precisaria dormir fora de seu lar comum, não que sua casa fosse ser dedetizada, ou que precisasse de uma reforma, nem que o bujão de gás estivesse explodido assim, sem nem pra quê. Nada Disso, Helano era desses espíritos aventureiros, despreocupados e completamente livres de qualquer impressão subjugadora. O nosso Helano era um cara legal. Costumavam dizer que o Helano morreria jovem, todos no colégio, depois na universidade, a verdade é que o Helano ainda não morreu, mas também, para os padrões de nossa sociedade caquética, ele ainda é um jovem. Provavelmente, segundo a previsão, Helano morrerá a qualquer dia. Não, Helano não possui nenhuma doença infecto-contagiosa, nem um vírus mortal, nem nenhum tumor. Helano possuía vigor, uma energia contagiante, uma liberdade fremente... Na verdade Helano possui asas, irremediavelmente ousadas e volúveis. Deve ser bacana ter esse espírito leve como o dele. Mas enfim, Helano se propôs a viver uma semana nômade. Bem a seu gosto e a seu propósito. Há prazeres indiscutíveis nessas loucuras simples, é quase como usar um vestido rodado e só pra vê-lo girar a gente brinca de rodar feito peão.

Essa semana nômade do Helano foi assim, pensada do nada, como quase tudo que suscita numa grande aventura. Esse rapaz cheio de vida inventou de dormir cada noite da semana na casa de um amigo diferente. E sei lá, nessas noites inusitadas só aconteceram coisas simples, coisas não inusitadas. Um café amargo, um cachorro que lambe tua mão, um gato que sem ser convidado sobe no seu colo só pra ser acarinhado, fotografias velhas guardadas em baús coloridos. Todas essas pequenas coisinhas Helano reparou e tratou de vivê-las como suas grandes aventuras inimagináveis. Estava sempre na casa de seus amigos queridos, de móveis seus conhecidos, de bicho de estimação estimado dele, mas sei lá, o Helano não saboreava a sua essência. O gosto que havia nas pequenas coisas das casas de seus amigos, seus grandes amigos. Helano desejou uma grande aventura, mas se deparou com grandes sentimentos na sua semana nômade.



PS: O impagável Kandinsky, o pintor do abstrato, com the blue mountain.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Toda garota pós-moderna é deslocada. Digo, descolada.


Esses dias fui a um show de uma banda, que não vou revelar o nome (vocês conheceriam em um instante) e sei lá, pensei ser uma pena eu não ser uma moça descolada. Nunca havia pensado nisso. Uma pena eu não ser descolada! Sabe por que eu andei pensando nisso nos últimos dias? Não sorriam caros leitores, mas foi porque eu fiquei puta afim de dar em cima do cantor da banda. Aproximar dele assim, sem vexame nem rubor nas faces. Mas tenho plena convicção que a minha visão de mundo se confundiria com a visão de mundo dele. Entraríamos em choque. Primeiro, eu não entendo de musica, não possuo ritmo, gosto de músicas suaves (o que realmente ele não toca), na verdade, eu mesma não teria assuntos pra conversar com ele. Sobre o que conversaríamos então? Penso que qualquer tentativa de aproximação seria frustrada, sairia frustrada com a minha péssima atuação, constrangeria não só a mim, quanto a ele também. Certamente ele me acharia tão pouco pra ele. (Mas há quem eu seria o muito?). Aí foi que eu pensei bem, se ao menos eu fosse minimamente descolada, poderia trocar algumas palavras civilizadas que não fossem somente murmúrios desconexos. Ele é tão lindo! Tão querido! Tão exageradamente feliz! Desejava tanto tê-lo! Sei lá, ele é engraçado, politicamente consciente, e inteligente. Exatamente o que eu aprecio num homem. Pena eu não ser uma mulher descolada. Mas eu gosto do meu jeito de ser, não estou reclamando não... Às vezes a vida nos faz querer coisas tão distantes do nosso universo. Sabe, ele fuma! Gosta do Pink floyd e eu ainda estou nos Beatles. E sim, ele não fuma só cigarro... E suas roupas não são discretas como a minha, seu jeito de se divertir não é nada comedido como o meu, e a sua vida não é saudável nem regrada. E o pior é que tudo isso só é culpa de criações diferentes. A minha mãe me deu uma educação totalmente diferente da que a mãe dele deu. Sei lá, será que diferença de criação faz tanta diferença assim? Sabe, eu o queria tanto! E penso que isso não vá ser empecilho pra eu não ter uma história com ele. Mas também não quero menosprezar meu mundo, não, ele é sim apreciável, possuo coisas encantadoras, é pena não encantar a ele. Mas também, posso mudar meu corte de cabelo, sei lá, talvez deixar ele mais moderno, ou pós moderno, quem sabe até pintá-los de laranja. Posso usar umas roupas mais descoladas, pintar as unhas de roxo, vou começar a escutar músicas que jamais eu pensei desejar escutar, como o Pink floyd e quem sabe até gostar deles, ou será delas? Sei lá pow, nunca escutei esse troço aí! E por causa dele me bateu um pouco a vontade de mudar a minha vida, me tornar mais ousada, descolada mesmo, como forma de me tornar mais próxima a minha mais recente atração. Eu sei que mudar é um tanto de tolice, mas é só porque o impulso desse meu rapaz é muito forte pra não me balançar. Sei lá, pode ser que mudando assim, eu me sinta uma pessoa mais completa, mas louca, mais interessante aos olhos do tico (é esse é o nome do vocalista). Por favor meus leitores, espero que vocês não se assustem com eventuais mudanças que eu possa transparecer, faço isso em nome de uma recente paixão incomensurável e arrebatadora. Só estou comunicando isso a vocês meus caros leitores, porque é mais fácil analisar as coisas assim mais às claras. Aceito, claramente suas ponderações.

Abraços


PS: Earased De Kooning, artista do expressionismo abstrato, revolucionou a arte norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial. Suas obras mais importantes, influenciadas pela action painting de Jackson Pollock e pelo simbolismo abstrato de Arshile Gorky, são composições abstratas de grande formato, em associações paisagísticas. A série de retratos femininos Mulheres, dos anos 50, gerou polêmica ao transportar para a tela uma determinada visão da mulher de seu tempo. Sua vida transcorreu nos moldes do "sonho americano": praticamente ilegal nos Estados Unidos aos 22 anos, nos primeiros anos em Nova York dedicou-se, apesar das habilidades literárias, à pintura de interiores e à decoração. Obteve sucesso profissional e financeiro em 1948, na primeira exposição. Kooning foi muito cotado em vida e a venda de suas obras atingiu somas astronômicas, além de influenciar movimentos como o dos "jovens selvagens". Robert Rauschenberg, apagou um desenho de Kooning para transformá-lo em arte, eis o earased, uma das maiores contribuições para a arte pós-moderna.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Recife, fevereiro de 2010


Querida Laura,

Cheguei de viagem esta quinta. Enquanto dava um jeito no meu velho estúdio de pintura, que a propósito continua na mesma rua, da união, quase ao lado da casa de Manuel Bandeira, encontrei uma velha fotografia do nosso grupo dos cinco, igual aqueles lá do modernismo. Lembrança ingênua essa do “grupo dos cinco” da qual não pude jamais esquecer, mesmo distante, traçando outras linhas claras pro meu caminho. Mas me bateu uma saudade que dilacera. Essa foto é daquele dia em que o Renato Russo morreu e nosso grupinho ficou escutando durante o dia todo músicas da Legião na sua casa. O Helano chorou, disse que foi a primeira vez na vida. Belo mentiroso esse garoto! O Nino chorou, mas tentou disfarçar, porque você estava olhando e ele queria te impressionar. Não acredito que vocês ainda se amem! E o Florius tava chapado. Parecia um louco, pulando e chorando ao mesmo tempo. Nunca vi o Florius assim, descontrolado.

Laurinha, li sempre seus textos e algumas de suas criticas de arte, estão fabulosas! E a literatura? O Florius numa carta recente disse-me que você é capaz de emudecê-lo, e às vezes de irritá-lo até a tormenta, mas penso que isso não seja demérito. Soube pelo Nino que o jasmineiro laranja ainda floresce, fiquei feliz.

Depois da foto, escutei Legião Urbana. Tola sentimental é isso que sou, mas é porque desejei sentir a mesma emoção de saber-nos assim tão ligados. Éramos um grupo de invejar. Um por todos, todos por um. Não acredito que tenha sido há tanto tempo atrás. Hoje em dia como é que se diz eu te amo?” Lembra que eu disse isto antes de viajar? Você me respondeu, vamos fazer um filme,parafraseando o Renato. E hoje Laura, como se diz eu te amo?

Eu penso que aprendi. O fim do mundo passou já, querida, no meio de uma depressão. É difícil ser sozinha. E ainda é difícil imaginar a minha vida aqui. Preciso de sua franqueza. Necessidade de te ver.

Tantas saudades! Helano, Nino, Florius, Laura e eu.

Sofia Bianchi

PS. Encontro as cinco, sábado, café da Fundação.



PS1: Pereja, Xul Solar. O conjunto da obra de Xul Solar é um claro reflexo da necessidade de expurgar assombrações particulares, aflições existenciais; o seu mal estar com a vida visava estruturar fora de si um espelho para seu temperamento melancólico e nervoso, projetando um imaginário totalmente divorciado do desejo de uma proposta plástica, de uma afirmação estética ou de uma transformação visual. A arte de Xul não se enquadra nem em um estilo nem em uma estética. É como se fosse a obra de um perturbado mental, mas um artista, grande artista.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O mundo Hollywood em uma noite insólita


É preciso engolir o trago quente e forte da noite

Nas encruzilhadas paradas na garganta da tua voz

Jamais voltar cedo pra casa, sou decolada,

Dormir na tua casa sem roupa

E não desistir de noites embrulhadas em cigarros Hollywood

Sede de liberdade, é o que diz.

Fumar tu e outros sabores da noite

Às vezes não agüento essa decadência deflagrada de meu corpo cansado

Puta que pariu! Noites tortas! Onde quero estar!

O Maximo que se queira de sentir

Nenhuma confissão de que haja qualquer coisa insuportável!

Somos heróis, bravos resistentes da noite

Nada de compaixão desmedida com nossos corpos

Persiste, vai, no itinerário dos sem refúgios

Suja, senhor as pontas de minhas asas teimosas

Por usufruir todo o poder do vôo.



PS: Pintor, astrólogo, músico, escritor, esotérico, Xul Solar, pseudônimo de Oscar Agustín Alejandro Schulz Solari (1887-1963), era um desses personagens múltiplos e geniais. Pintor argentino. Para um estudioso de artes visuais, seja ele crítico ou artista, é muito claro ser a obra de Xul Solar patrimônio visual de outro universo, de outra lavra, desobrigado e oposto às legítimas manifestações de natureza plástica e estética, mesmo do seu tempo. (Continuação)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Liberdade de expressão. Deixa eu falar filha da puta! Expressão


Acometida por uma gripe indesejada (E há gripe desejada?), em pré-festas momescas eis que me submeto ao velho sofá amarelo e a uma televisão. No jornal vejo uma noticia que de certa forma me deixou chateada ferozmente e sobretudo, indignada . O ministro de Defesa Nelson Jobim pede exoneração do chefe de Departamento-Geral de Pessoal do Exercito, General Maynard Marques de Santa Rosa. O motivo foi por uma carta atribuída ao general que circula na internet e que faz criticas severas a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), assinada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva no dia 13 de janeiro.

Em palavras do próprio ministro: “Acabei de encaminhar ao presidente da República a exoneração do general Santa Rosa da chefia do Departamento Geral de Pessoal e deixei a sua colocação à disposição do Exército. O assunto está encerrado”.

Na nota divulgada na internet, o general diria que a comissão da verdade, uma das medidas previstas no plano de direitos humanos, que seria criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), seria formada por "fanáticos" e viraria uma "comissão da calúnia".

É verdade que pelo conteúdo da carta evidencia-se a intenção de proteger carrascos da ditadura, e que essa comissão da verdade criada para investigar abusos da ditadura, e não puni-los, que fique bem claro isso, é vista como uma forma de remexer velhos fantasmas que a lei de anistia sepultou.

Mas o que venho defender aqui, não é a posição (ainda que corajosa) do General de 4 estrelas, que pelo seu ponto de vista sente a ameaça diante de qualquer tentativa da sociedade de conhecer a história militar desse período, e nem a polêmica gerada desde o inicio do ano sobre o PNDH pelos setores conservadores do país, digo da igreja, dos latifundiários e do agronegócio. O que me traz a cessar as palavras singelas que transitam por aqui, é o abuso ao direito de liberdade de expressão que todo o homem tem por natural direito.

Não importa o que se defenda, não importa a bandeira seja ela ordinária ou capciosa, seja ela a favor ou contra os nossos próprios ideias, que seja pro bem ou pro mal, mas que haja sobretudo, e além de tudo, liberdade de expressão que vem a ser a maior arma empunhada pela liberdade.

Então, somos um país democrático? E é o cúmulo da incoerência! Como se cria hoje uma comissão da verdade para investigar as perseguições feitas àqueles que emitiam a suas opiniões, e hoje ainda, tiram do poder aqueles que, em tempos de democracia, ousam expressar a sua. Não compreendo claramente essa política! Trata-se de uma comissão da revanche? Não parece triste a defesa da ilegalidade!

Senhores, pensei que estivéssemos numa democracia, onde não precisamos nos entregar a um mero papel de cordeirinho do bicho papão que parece andar solto nos últimos tempos. Seja qual for a nossa opinião devemos sim ousar abrir a boca para desafiar a irônica ordem vigente.

Como se deseja rever um Programa Nacional de Direitos Humanos se os que o reformularam atentam assim, tão impunemente, contra a liberdade? É contraditória a atitude do governo, é hipócrita e covarde. E quem é mais culpado? Nós, senhores, que somos omissos! Que contribuímos calados pra esse embostalhamento (perdoem o neologismo).

Nós temos que reagir de alguma maneira a esta avalanche de idiotice que está inundando nosso país de uma intolerância perigosa e que atenta contra nós mesmos.

Penso, senhores, que se nossa juventude representasse a luta pela liberdade nos anos de chumbo, acredito que ainda hoje estaríamos sob seu jugo.


PS1: Curiosidades sobre o general Maynard é o mesmo que denunciou o escândalo internacional que ocorre na reserva indígena em Roraima. E também, ele foi demitido dois meses após conceder entrevista denunciando as armações ao Correio Brasilense.

PS2: Perdoem-me se aparto-me do lirismo, mas é que não posso aceitar sem revolta e indignação uma violência contra a liberdade de expressão num ato justificado pelo governo como coerente. É preciso reagir antes que o terrorismo comece a ser a única reação de quem de fato está disposto a mudar este país. E a violência extrema não é mesmo a solução. Obrigada.

PS3: Hélio Oiticica. O maior representante da arte da resistência no país na artes plásticas. A onda artística que veio quebrar-se contra a muralha do AI-5 já vinha se formando havia muitos anos. Mesmo antes do golpe militar de 1964, começaram a se formar núcleos de renovação estética, com a bossa nova, o Cinema Novo, os Teatros de Arena e Oficina, o CPC (Centros Populares de Cultura) da UNE, a poesia concreta, etc.

Após o golpe de 64, o poder militar mostrou-se incapaz de controlar essas manifestações artísticas contestatórias. Elas encontravam sempre brechas para se fazerem ouvir.

Hélio Oiticica inaugurava Tropicália, “ambiente instalação” que iria ter grande influência no desenvolvimento da música popular. Inspirou o Tropicalismo, movimento contestador em termos comportamentais, que rompia com o discurso estético (e político) da esquerda tradicional, mas incomodava profundamente a direita.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

2- Sofia Bianchi



Era uma mulher fascinante. Sedutora diziam uns, pérfida, diziam outros com absoluto desprezo. Mas numa coisa concordavam, a ela ninguém ficava indiferente. Eu não me agradava assim dela. Mais por despeito mesmo do que por simpatia. Lembro-me do dia, em que ela me olhou com aquele olhar petulante e arrogante, insinuou com uma ponta de perversidade que o Nino dificilmente olharia pra mim. Sabe o que é? É que você não é bonita.

Sempre que eu penso em Sofia Bianchi, recordo-me dela entre os meninos mais bonitos do colégio e os mais cobiçados, quase sempre os meninos que meninas come eu gostávamos. Acho que ela já partia o coração dos meninos cedo, lá pelo jardim da infância, e desde então, eles rejeitavam as meninas bobas e feias.

Eu de longe a analisava objetivamente aquele seu ar sonso vulnerável e as vezes queixoso e outras vezes indiferente, perguntava a mim mesma, que aura mágica a encobria? O que fazia dela assim, tão inesquecível? Porque era assim a Sofia Bianchi da quinta série.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João








O Santa Cruz recolhe ajudas para o Haiti.

Bill Clint é nomeado pela ONU para coordenar ajudas para o Haiti.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar no Haiti, no próximo dia 25, um pacote de ajuda para a reconstrução do país.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, fará uma breve visita a Porto Príncipe em 17 de fevereiro, pouco mais de um mês depois do terremoto.

Doações do Brasil - O governo informou que até agora já foram recebidas cerca de mil toneladas de doações para o Haiti. As doações vêm de pessoas, empresas e associações empresariais e civis.

O palco do Circo Voador, no Centro do Rio de Janeiro, recebe nesta terça-feira (2), às 19h, o Benex Festival, que reunirá músicos brasileiros em benefício das vítimas do terremoto no Haiti.

Vinte e cinco anos depois que o hino “We are the world” cantado por dezenas de estrelas conseguiu arrecadar milhões de dólares para a luta contra a fome na África,celebridades da nova geração se reúnem nesta segunda-feira (1º) para regravar a música em prol do Haiti.

As doações, prometidas ou já obtidas, para ajudar as vítimas do terremoto já somam pelo menos US$ 2,02 bilhões, segundo cálculo daONU.



As agências da ONU presentes no Fórum Econômico de Davos pediram aos doadores que forneçam, na fase atual, "dinheiro vivo e não mercadorias" para o Haiti, através dos circuitos das Nações Unidas e das grandes ONGs.


O FMI anunciou que seu conselho de administração aprovou entregar US$ 114 milhões em ajuda de emergência ao Haiti.


Em visita ao Haiti neste sábado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil vai oferecer mais US$ 15 milhões para ajudar na reconstrução do país caribenho.


Músicos como Sting, Madonna, Bruce Springsteen, Beyonce, Bono e Justin Timberlake participam à noite de shows promovidos pelo ator George Clooney, em benefício das vítimas do terremoto.


E quem ajuda São Paulo?




A “Paulicéia Desvairada” , na deselegância discreta de quem foi um dia berço do maior evento de arte do país, de quando sua chuva era só garoa sem alago e alarde. A efervescência do que é realidade ao avesso afunda em suas próprias águas negras tingidas de desenvolvimento e vanguarda. A cidade que não dorme. Bovespa com café e olhos abertos. Mosaico bordadinho por alinhavos ítalo-franco-luso-brasílico-saxônico-nordestino(puxado). PT D. Benta São Paulo está submersa em água PT Posso passar uns dias no sítio?PT

Já não sobe fumaça enturvando as estrelas ô Caetano, sobe água apagando a Estação da Luz, encobrindo o Teatro Municipal, fazendo boiar o MASP, mostrando só as pontas da Catedral Metropolitana. Pobre São Paulo do Mário... Chora mais não São Paulo, que olho turvo não enxerga sol!


QUANDO EU MORRER

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.


PS1: Notícias retiradas no site da Globo.com/g1


PS2: Poesia de Mário de Andrade, extraído de Lira Paulistana.


PS3: São Paulo Merece um pouco mais de consideração. Ando vendo por todos os clubes, igrejas, colégios e universidades que eu passo Comitês de ajuda ao Haiti. O Haiti é logo ali, parafraseando Caetano, mas São Paulo é aqui! Que tal dividirmos as contribuições! Como já se diz popularmente, quem divide multiplica.


PS4: Todas as fotografias foram feitas exclusivamente no município de São Paulo, a partir de 2005. Algumas imagens são editadas, porém nenhum elemento novo (gráfico, visual etc) é acrescentado.Todas as fotografias foram feitas por Igor Tasic e são encontradas no blog pauliceiasp.blogspot.com


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O amante



É balão perdido
subindo noite adentro
Esbarrando numa estrela
Enganchando-se na ponta da lua minguante
Lua sozinha, tão magrinha!
- Que fique! - Diz ela.
- E deixo-me ficar?
Lá vai o balão perdido
Solidão de solitário coração.


PS: Valentim e Valentina ou os amantes do telhado, Marc Chagall (1887 - 1985).Marc Chagall criou seu próprio mundo colorido de mitos e mágica, cheio de estranhas criaturas e eventos miraculosos. Ainda assim, sua arte foi essencialmente baseada em memórias e experiências reais, que ele transmutou no caldeirão de sua imaginação. Um homem quase inteiramente absorvido por seu trabalho e sua vida familiar, destinado a confrontar-se com as mais variadas culturas, a atravessar guerras e revoluções e a passar por fugas e exílio. Conseqüentemente, em qualquer relato sobre Chagall, a arte e a autobiografia estão intimamente interligadas, ainda que de forma indireta. Marc Chagall trabalhou intensamente para integrar seu mundo de fantasias na linguagem moderna, derivada do fauvismo e do cubismo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Le flâneur





Para Nino com amor,
Laura