sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Do amor.


Porque eu não peço nada a mais do que possa dar...
Se eu gosto de você?
E você, gosta de mim?
Você não é gentil! Não me liga no dia seguinte. Não me convida para sair sem segundas intenções. Seu altar já está ocupado. Seu puteiro lotado. E o meu céu tem poesia, os meus olhos mais estrelas. Eu nua sou tua. Eu branca, noite escura, invariavelmente assim. Ele me faz sorrir, me faz delirar, mas não me faz chorar. Se eu gosto da situação? Não tenho respostas. Não amo você! Acho graça. Você sorri. Não vivo no perigoso tripé feminino: Ciumenta, controladora e carente. Talvez se eu te amasse... Mas anda tão ocupado o teu coração, que não tem vaga pra mim. Por que me arriscar? Por que me jogar? Pra que beber lentamente o vinho do amor? Embriagar-me sozinha, sem o êxtase de ver-te ao pé de mim. Não gosto dos amores trágicos. Gosto dos amores possíveis! O meu amor poderia ser teu. O meu desejo poderia ser teu. Mas não és gentil! E no entanto, é facil me perder em ti. E me perder por ti. O teu ar de desencanto, teus traumas, tua aura de poeta distante. Gosto da tua voz. Da tua verdade. De teus olhinhos de maior abandonado. Perto me faz bem, longe me faz falta. Uma garantia? Se tu gostasses de mim... Mas não gosta! Eu não dou mais do que tu podes me dar.



PS: Um Degas, Sempre um Degas...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Desassossego.


Há dias que uma mulher precisa chorar...

Qualquer coisa de leve mas de tão forte dói...
Um dedo midinho entre os teus.
Amassa com vontade.
Não gosto da política do choramingas...
Não gosto dos pessimistas.

Mas há dias em que uma mulher precisa chorar

Um vazio de canto de sala,
Um cheiro de solidão
Poeira triste acumulada...
Rima pobre sem canção.

É dia de desassossego,
Chega mais perto e sente o despropósito.
Violão sem corda
Eixo sem roda.

Eis que me encontro na trágica pós-modernidade...
Não gosto dos trágicos...
Mas ando pessimista hoje.



PS: Frank Stella, Silkscreen. Pintura Minimalista que é vista como reação ao expressionismo, e surgiu entre as décadas d 1940 a 1950, e essa fase retrata uma aridez geométrica que condiz bastante com o conceito de tempos pós-modernos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O caminho


De que é feito lágrimas?
Tristeza.
E o sorriso?
De afagos no coração.
E algodão?
De nuvem.
E uma mão?
De dedos.
E o amor?
O amor?
De amor que fica...
Então eu acho que estou triste.



PS: Trilhos de trem (train tracks) de nada mais nada menos que Bob Dylan. A galeria Nacional da Dinamarca informou em 16/09 que irá exibir cerca de 100 trabalhos do cantor. O interesse de Bob Dylan em expor suas obras nessa galeria é porque há nelas expostas várias obras de Henri Matisse, isso porque há no trabalho de Dylan influencias do pintor fauvista.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sérénité


Se eu descanço? O pensamento? Raramente eu desligo. Não existe off, plano de pouso, nem rede pra repouso. E quando isso acontece? Eu nem mesmo passo uma hora. Acho que eu preciso de ioga. De respostas. Essa eterna busca pelo sentido da vida me cansa. Eu tenho medo de falhar, de transigir regras impostas por mim. Eu não me permito extravagâncias.

Eu pareço louca, meu caros?

Eu odeio essa vigilância interior. E essa minha terrivel mania de me enfrentar. De me buscar e de me descobrir entre uma legião de mim mesma. Como se na verdade eu tivesse a necessidade de saber quem manda mesmo em mim. Quem é a chefe? Qual me destrói? Qual me constrói?




PS: A mulher com sombrinha, de Ernst Ludwig Kirchner. Pintor expressionista alemão e um dos fundadores do grupo expressionista Die Brücke (A ponte) em 1905. Essa pintura possui as características do expressionismo alemão, cores fortes e quentes e traços grossos. O expressionismo alemão retratou uma época confusa que a Alemanhã vivia.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

No divã...



É pra eu começar? Nem sei por onde... Pode ser pelo nome? Meu nome é Laura. Não sei dizer nada sobre mim porque as vezes nem sei quem eu sou. Mas sou diferente das outras mulheres. Não sou chorona, não sou dramática, e não me considero vítima de nada. E também, não gosto da cor rosa e nem de ganhar rosas (Pura falta de criatividade masculina!). Sou mandona, egoísta e teimosa, logo, penso como homem, sou prática como um homem. Sou de uma elegante feminilidade, assim, andando pela rua com tanta graciosidade não há quem não pense que eu não seja tão igual as outras. Eu gosto de lírios!

Tenho cérebro masculino, mas coração de mulher. Sou estrategista, mas choro quando leio Camões. Fico com as pernas trêmulas quando me convidam pra sair. Diante de um homem inteligente, eu falo tudo ao contrário do que penso, mas se eu beber um pouco fortaleço as minhas convicções. E se ele brincar nas minhas orelhas? Eu perco o prumo. E se ele disser que me ama? Se ele disser que me ama... Eu não acredito!

Será que eu sou promíscua? Ou vivo num eterno desalinho e inconstância que eu ainda não aceito que vivo. Eu sou tão metódica!

Então doutora Ana, quando terei alta?



PS: Nudez feminina reclinada no divã. Eugène Delacroix. Louvre, Paris.




quinta-feira, 10 de setembro de 2009


Outra vez mais te revejo
E o coração salta-me ao peito, diante de ti.
Passaste e qualquer coisa tua
desprendeu-se e foi parar em mim,
Que de tão súbito,
Tão inesperado e inusitado
Causou-me uma angústia de mão grande apertando coração pequeno
Uma tristeza danada!
E eu chorei
Chorei por te rever ainda distante de mim.


Ps: Danae, Gustav Klimt. Ando ultimamente maravilhada com Klimt.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A cerimônia do adeus - A parte que não pertence a Beauvoir


Há coisas tristes que só nos acontecem emvida. Até porque em morte me foge todo o conhecimento dos acontecimentos e acredito que nenhum filósofo do quaternário os tenha encontrado de fato. Deparei-me com a morte duas vezes nesta semana, claro que uso de licença poética, pois, não me apareceu diante aquela figura bizarra do sétimo selo. E nem me chamou ele para de xadrez, o que seria muito estimulante. Há tempos que não me divirto com a arte que Duchamps mais apreciava.

Confesso que não sei lidar com despedidas, e que muitas vezes me perco pensando em que já se foi. Quando um personagem que não é o protagonista, mas que de certa forma tornou a história agradável em amiudados capítulos morre, deixa qualquer coisa de página rasgada, de poesia mal rimada. De uma coisa que foi e não poderia ter ido.

A morte não é uma coisa engraçada. Um vazio nunca mais preenchido, um abraço nunca mais recebido, nem um sorriso transmitido. O não ouvir de tua voz. As lembranças que não mais relembrarei ao teu lado. Meus caros, é uma dor que dilacera! E no entanto é inevitável. E que poder possui essa palavra; inevitável! A morte é inevitável.

Essa semana o meu mundo sofreu duas baixas. metade de mim é racional e pragmática, mas a outra metade é humana, logo, é toda incompletude. E ela sente, sente um infinito de coisas miúdas que acumula de repente no meu coração. Acho que é lágrima represada e sangra agora em palavras. Há dias venho cerrando os olhos amendoados pra não derramar lágrimas indistintas, mas chega o dia da desforra! Eis-me aqui tão humana. Tão sensivel. Tão mulher. Eu tenho medo! Medo da morte, medo de escuro! Assumo as minhas fraquezas e eis que estou desarmada, sem meu escudo racional capitalisticamente indiferente. Sabe o que eu estou pensando? Talvez um abraço agora valha mais que palavras de consolo. As palavras hoje são desassossego pro meu coração. E talvez, eu nem seja tão forte quanto eu havia pensado... Mãe, as mulheres grandes um dia desabam?



PS1: A morte e a vida, Klimt. Gustav Klimt é associado ao simbolismo, destacando-se dentro do movimento da Art Nouveau austriaca e um dos fundadores da Secessão em Viena, movimento que rompia com as tradições da arte acadêmica.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009


E no meio da noite
Quando o frio me alcançar
Teu corpo não estará aqui.
As tuas maõs, teus pélos, teus lábios
A me aquecerem.
Nada de teu corpo gentil!
De ti,
Somente as tuas meias brancas
Me esquentarão.
Sabes meu bem,
Elas perderam o par.
Um sonho de creme só
Uma caneca de café na solidão
A tua já quebrou...
Mesa é pra dois
Valsa pra dois
É par
Par que falta no meu altar
A gangorra é pra dois,
sem ti sou só.
Tu morreu querido e
Deixou desassossego
No quarto nosso de aconchego.
A filha do nosso amor chora por ti.
Recife chora ainda por ti.
Já não lês sentado ao meu lado
Crônicas sobre economia
Tantas conversas
descobertas.
Eramos nós
Jovens,
Espirituosos economistas.
Era você que dizia isso...
Eramos sonhos e futuros planejados
Eu que dizia isso...
Ainda ontem,
Escutei teu sorriso brando,
Senti teu perfume jovem
O fremir de teu andar elegante...
Corri ao quarto nosso pra te descobri aqui,
Não te encontrei...
Eu chorei querido,
Chorei de amor mais que pude.
Daquele amor que falta fala a saudade.
Tu,
Somente tu que não encontro mais em mim.
Eu que sou sempre tua.
Mas me perdoa se eu te aborreço
É a tarde, talvez assim, parada
Que me leva a pensar em ti.
Teu abandono tão suave como a água
A desprender do meu corpo.
Fazem somente dois meses querido...



PS1: Homenagem à Claudia Satie Hamazaki e à Marizan Mariano (In Memória). Dois economistas, dois professores, dois apaixonados que me fizeram amar ainda mais Economia. Fique bem Marizan onde você estiver.


PS2: Idylle, Renoir, porque só ele poderia traduzir em imagem o amor que unia meus professores.