quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ela e um poema


Mandou te avisar
Que não te zangues,
Mesquinho foi, ele sabe
Mas diz que é ciúmes.
E mandou te avisar
Gosta? Gosta que já um vizinho me avisou.
Mas é solidão de livro
E tu gosta?
Diz a ele que escrevo um poema
Sem pena ou rancor
Mas diz por favor
Que já não o amo
Que já não desejo encontros casuais
Não gosto desse seu ia,
ia ver se dava certo,
E a massa desandou.
Desatino, desatino
Imprudência de amor
Esse seu eterno não dá
Solidão de amor
Caberá?
Assim apertadinho dá.
Diz que já não o amo
Que passou
E tudo esfriou
Passeando no tempo
E eu percebi
Que meus olhos já não são os mesmos
Que ele perdeu o lume
Solidão de asas
É liberdade de céu
Vôa, vôa pra longe de tu
Que nem assobio de vento
Mas diz antes a ele,
Ou depois,
Que remeto-lhe um beijo
E um perdão pela não renúncia de amor.


PS: Promenade de Chagall. Marc Chagall trabalhou intensamente para integrar seu mundo de fantasias na linguagem moderna, derivada do fauvismo e do cubismo.

3 comentários:

Hermínia Mendes disse...

Essa imagem fala muito! Muito bom o jogo dela com o poema... tem um peso leve.

Ta disse...

Cubismo rules. Adorei o poema.

Anônimo disse...

É incrível como tu sempre consegue achar um quadro que se encaixa a um tempo ou um texto que se encaixa a um quadro. Lindo isso! ^^