sábado, 20 de fevereiro de 2010

Toda garota pós-moderna é deslocada. Digo, descolada.


Esses dias fui a um show de uma banda, que não vou revelar o nome (vocês conheceriam em um instante) e sei lá, pensei ser uma pena eu não ser uma moça descolada. Nunca havia pensado nisso. Uma pena eu não ser descolada! Sabe por que eu andei pensando nisso nos últimos dias? Não sorriam caros leitores, mas foi porque eu fiquei puta afim de dar em cima do cantor da banda. Aproximar dele assim, sem vexame nem rubor nas faces. Mas tenho plena convicção que a minha visão de mundo se confundiria com a visão de mundo dele. Entraríamos em choque. Primeiro, eu não entendo de musica, não possuo ritmo, gosto de músicas suaves (o que realmente ele não toca), na verdade, eu mesma não teria assuntos pra conversar com ele. Sobre o que conversaríamos então? Penso que qualquer tentativa de aproximação seria frustrada, sairia frustrada com a minha péssima atuação, constrangeria não só a mim, quanto a ele também. Certamente ele me acharia tão pouco pra ele. (Mas há quem eu seria o muito?). Aí foi que eu pensei bem, se ao menos eu fosse minimamente descolada, poderia trocar algumas palavras civilizadas que não fossem somente murmúrios desconexos. Ele é tão lindo! Tão querido! Tão exageradamente feliz! Desejava tanto tê-lo! Sei lá, ele é engraçado, politicamente consciente, e inteligente. Exatamente o que eu aprecio num homem. Pena eu não ser uma mulher descolada. Mas eu gosto do meu jeito de ser, não estou reclamando não... Às vezes a vida nos faz querer coisas tão distantes do nosso universo. Sabe, ele fuma! Gosta do Pink floyd e eu ainda estou nos Beatles. E sim, ele não fuma só cigarro... E suas roupas não são discretas como a minha, seu jeito de se divertir não é nada comedido como o meu, e a sua vida não é saudável nem regrada. E o pior é que tudo isso só é culpa de criações diferentes. A minha mãe me deu uma educação totalmente diferente da que a mãe dele deu. Sei lá, será que diferença de criação faz tanta diferença assim? Sabe, eu o queria tanto! E penso que isso não vá ser empecilho pra eu não ter uma história com ele. Mas também não quero menosprezar meu mundo, não, ele é sim apreciável, possuo coisas encantadoras, é pena não encantar a ele. Mas também, posso mudar meu corte de cabelo, sei lá, talvez deixar ele mais moderno, ou pós moderno, quem sabe até pintá-los de laranja. Posso usar umas roupas mais descoladas, pintar as unhas de roxo, vou começar a escutar músicas que jamais eu pensei desejar escutar, como o Pink floyd e quem sabe até gostar deles, ou será delas? Sei lá pow, nunca escutei esse troço aí! E por causa dele me bateu um pouco a vontade de mudar a minha vida, me tornar mais ousada, descolada mesmo, como forma de me tornar mais próxima a minha mais recente atração. Eu sei que mudar é um tanto de tolice, mas é só porque o impulso desse meu rapaz é muito forte pra não me balançar. Sei lá, pode ser que mudando assim, eu me sinta uma pessoa mais completa, mas louca, mais interessante aos olhos do tico (é esse é o nome do vocalista). Por favor meus leitores, espero que vocês não se assustem com eventuais mudanças que eu possa transparecer, faço isso em nome de uma recente paixão incomensurável e arrebatadora. Só estou comunicando isso a vocês meus caros leitores, porque é mais fácil analisar as coisas assim mais às claras. Aceito, claramente suas ponderações.

Abraços


PS: Earased De Kooning, artista do expressionismo abstrato, revolucionou a arte norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial. Suas obras mais importantes, influenciadas pela action painting de Jackson Pollock e pelo simbolismo abstrato de Arshile Gorky, são composições abstratas de grande formato, em associações paisagísticas. A série de retratos femininos Mulheres, dos anos 50, gerou polêmica ao transportar para a tela uma determinada visão da mulher de seu tempo. Sua vida transcorreu nos moldes do "sonho americano": praticamente ilegal nos Estados Unidos aos 22 anos, nos primeiros anos em Nova York dedicou-se, apesar das habilidades literárias, à pintura de interiores e à decoração. Obteve sucesso profissional e financeiro em 1948, na primeira exposição. Kooning foi muito cotado em vida e a venda de suas obras atingiu somas astronômicas, além de influenciar movimentos como o dos "jovens selvagens". Robert Rauschenberg, apagou um desenho de Kooning para transformá-lo em arte, eis o earased, uma das maiores contribuições para a arte pós-moderna.

2 comentários:

Anônimo disse...

Se esse Tico for o Tico que eu conheço, eu o acho extremamenteinteressante ;)
Mas pintar o cabelo de laranja, pintar a unha de roxo e curtir pink floyd vai fazer minha Laurinha deixar de ser Laurinha. Entende,né?

Hermínia Mendes disse...

Quanta vontade nesse depoimento, flor!
Foi bom ler, me indentifiquei. Acho que muitos de nós já passou/passa por isso.
Mas cada um é descolado do seu jeito. E se for pintar o cabelo, escolhe azul! rs

xêro em tu.