sábado, 16 de janeiro de 2010

No campo das princesas


Hoje o céu está coberto por umas nuvens zangadas...
Hoje eu me lembrei de Florius, meu amigo!
Florius e eu sentávamos sempre diante do chafariz do campo das princesas, para tomar sorvetes e inventar histórias para as pessoas sentadas na praça. engraçado, que a gente inventava como se eles próprios não já possuíssem a sua história de vida. Nas nossas histórias eles pareciam sempre esperar qualquer coisa que um dia chegaria destravando portas, eram assim que começavam, ao menos, as minhas histórias fabulosas.

Observei um dia, um casal de velhinhos que caminhava a nossa frente. O homem apoiava ligeiramente a mão sobre o ombro da mulher. Sem saber porque, emocionei-me.

- Dois seres unidos! - Disse eu, Florius compartilhou a mesma comoção. - Deve ser doce avançar pela vida com uma mão sobre os ombros, tão familiar que já não lhe sente o peso.
- Como solidão conjurada. - Florius nunca gostou da solidão.

Dois seres unidos! Isso me levou a sonhar. Pensava muitas vezes se encontraria um homem feito pra mim. Floriu em criança dizia-me: as mulheres como tu são feitas para os heróis. Eu sorria, é claro. Respondia-lhe que os heróis não existem mais. Se até os heróis da Marvel morrem! Quem dirá os heróis da vida real!

Decidi-me desde então, eu amaria no dia em que um homem me subjugasse por sua inteligência, sua cultura e sua autoridade. Só me caso se encontrar o meu duplo. Não falo da pieguice de alma gêmea, dessa fragmentação pós-moderna. Também não convenciono falar de amor infinito, parece-me definitivo, remete-me a prisão. Fala do amor absoluto em todas as suas possibilidades.

Encontrar meu duplo favorece e de certa forma fortalece a idéia imperiosa da minha vida: Conquistar o mundo!

Florius sorria com mais essa história inventada.

Começou a chover aqui, e o meu coração parece apertado demais, quer falar e quer o silêncio ao mesmo tempo.


PS: Sonhos de Rodin.

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