segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Recado da menininha do poeta


Lá na minha casa em Bonança
Tem uma figueira prateada
E um jasmim laranja,
Se floresce,
Perfuma o ar do meu quarto.
E da janela aberta
O sol se vai
Manchando o céu de nuances avermelhadas.
Vejo o abrôlhos tímido das estrelas.
Seis
A badalada da Ave Maria.
Lembro de você dizendo que eu era a sua avemariazinha.
Meu violão anda mudo de saudades de ti,
Que não chega.
Tão real e evocativo ao me abraçar.
Meu Deus, eu queria brincar com ele!
Fazer comidinha, jogar xadrez.
Ele diz que casa comigo
E vem morar em Bonança.
Viver um amor prosaico.
Mas eu não acredito!
Meu benzinho adorado
Vê se não demora a me encontrar,
Que sinto saudades de ti!
E quando chega a noite eu fico tão triste que dá pena de mim.
Ao menos me visita ingrato!
Faço café e sonho de creme,
Aí a gente lancha no balanço de baixo da figueira
Vê o sol se por,
O jasmim florir
Nessa minha casinha em Bonança,
Que é tua também.
Boa noite
E dorme pensando
Nessa que só pensa em ti.



PS: Picasso, O sonho, 1932. Retrato de sua então amante Marie Thérèse Walter.

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