terça-feira, 18 de agosto de 2009


Há dias atrás venho me perguntando - Como termina um amor? - segundo Nelson Rodrigues, o amor é eterno, se terminou é porque não era amor. Mas como saber se era amor? E para saber-se ser, é preciso vivê-lo todos os dias. Mas então, nesses "todos os dias da vida" como sabemos se é amor se não sabemos se ele vai ser eterno? Se vai acabar amanhã? Ou semana que vem? Daqui um mês? Então não podemos saber se um amor é eterno, logo, não sabemos se é amor.

Mas que implicância a minha com essa implicância do Nelson! Prefiro (sempre) acreditar nos amores contingentes e nos amores absolutos. Como Sartre e Simone.

Mas como um amor chega ao fim, eis que retorno a minha pergunta inicial. como tantos amores morrem assim aos pés de mim? Na verdade penso que ninguem sabe. É uma espécie de inocência mascarando o fim. "Um crime perfeito não deixa suspeitos". O fim de um amor assim, tão bonito, dessa coisa concebida como filho primogênito, afirmado, confirmado, vivido como eterno.

E o fim do objeto amado, seja qual for ele, desaparecer de nossas vistas, ou seguir ao campo da amizade. Ainda assim, ninguém sabe porque se dissipou o amor se era poesia (Todo o amor é poesia, se não era é porque não era amor).

O amor que vai, que finda, se afasta pra um outro mundo, longe dos dias, foge a páginas várias, um presente distante que vira passado. Como um livro que se perde na mudança, só resta a lembrança da cor de suas páginas, de suas orelhas engraçadas, dos traços de sua capa, nada mais.

Engraçado como as coisas funcionam! O ser amado ressoava vibrante em nós, de repente não mais que de repente, encontro-o eu sem brilho. Perdeu ele todo o lume. E eu sem saber como percebo que desgostei. Que todo o amor sem fim chegou enfim, ao fim. E eu aqui que te escrevo essas palavras, não posso construir o fim da minha história, porque ela me foje. O porquê do fim do meu amor, eu não sei, ele pertence a outro, ao que escreve os romances de minha vida.

Isso é estranho, é engraçado, mas incômodo.





Ps: Edward Munch, Separação, 1896.

2 comentários:

João Paulo Güma disse...

Como um MAU aluno de filosofia, odeio Sartre. Uma grande amiga me chama de Nelson Rodrigues do novo milênio... óbviamente ela não gira bem da cabeça.

mas to falando isso pra dizer que eu não poderia ter lido texto melhor no dia de hj. senão melhor, mais conveniente.

podemos brindar o achado(duplo)... bigode, cavanhaque, laguinho... enfim... corredores do CFCH.

Meus contatos:

joao_paulo_pontes_@hotmail.com - 85439002 - 91471613 - 97185855

Rafael Arruda disse...

muito bom Laurinha, agora que tal esquecer o fim e tentar saber do início? se não se sabe como ele acaba acho que também não se sabe como começa.Mas pode me ignorar eu só to digredindo alto e em blog alheio hehehe