sábado, 17 de abril de 2010

Auto-análise subjetiva de uma doninha do subúrbio azul


Ah, deixe-me explicar aos senhores essa minha fotografia! Nesse dia eu estava tão infeliz, e vocês nem sabem! Justamente pela manhã, ainda quando eu fazia o café da manhã do meu querido e estimado marido e das minhas lindas, queridas e bem comportadas oito crianças, descobri que o meu cérebro é tamanho de um grão de ervilha. Veja bem, uma ervilha já é audaciosamente pequena, imagine agora um grão de ervilha que tamainho não é hein? E fiquei realmente muito chateada. Eu quando mais jovem tinha sonhos imensos, grandes sonhos, realmente eu acreditava que poderia realizar a todos apesar da minha limitada capacidade de pensar. E no entanto, só um deles realizou-se! Casar! Quanto aos outros, bem, meu marido é conservador e eu pretendo ser a melhor esposinha do mundo, para que ele nunca se arrependa de ter me desposado. Antes de me casar, eu era uma moça aplicada! Lia bem, tinha uma bela caligrafia, sabia bordar, costurar, e cozinhar e meu sonho era ser modista, mas logo me casei. E veio a Lucrécia, a Leopolda, a Liliana, a Léia, a Lídia, a Lucrecia mais uma vez, a Lucia e por fim o Luis impedindo que fosse modista. Mas então quando eles crescerem mais um pouco, eu já me decidi, vou fazer um curso de doceira, pra vender por encomenda, porque dizem que isso é coisa que dá muito dinheiro, e as minhas duas Lucrecia estão precisando de novos sapatos, e a Leopolda de um corte de tecido novo. Ah sim, ia-me esquecendo da fotografia. E meu sorriso! Sorriso de quem anda muito feliz por ter descoberto o melhor e mais eficiente sabão em pó do mundo. O Omo!

PS: Roberta Lapertosa.

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