segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Palavra amor


Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão (é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem
remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra.
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na terra.
Não a pronuncie.


[Carlos Drummond de Andrade, "o seu santo nome", em Corpo (1984)].


PS: Mais um pouco de Brensson, pra acabar o ano em P&B.

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