terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memórias do quarto escuro. O diário de tereza, segunda folha...




Na noite em que eu encontrei Helano. Não me lembro de ter visto uma lua tão bonita, redonda, clara e cheia de vida como os olhos de Helano. Era uma conspiração, e hoje disso não duvido. Naquela noite tudo me pareceu brilhante, tudo estava aceso, havia beleza e poeticidade até na sonoridade pungente. Pareço romântica, não? Tequila, fome, carência. Não canso de querer explicar os sentimentos. Senhores, há alguem que não deseje justificá-los ao menos uma vez na vida? Talvez eu seja romântica... Eu era romântica antes de conhecer Helano! Eu fui romântica ao lado de Helano...

Era um bar. Eu, Dulce e Glória acabavamos de chegar, sentamos numa mesa diante da que Helano estava sentado. Bebia vinho, que é a bebida dos apaixonados. Tristão e Isolda bebiam-lhe a última gota pra tornar eterno o amor. Helano escrevia poesias no guardanapo (Me pareceu tão boêmio!) e demonstrava a inconstância e a aura de poeta descrente. Parecia escrever como se as palavras rompesse diques e ele não acompanhasse toda a sua fúria. Helano era um poeta fauvista!

Apaixonei-me por Helano quando ele olhou pra mim. Olhar superficial. Não me considero bonita como Dulce, e nem adorável como Glória, e no entanto, eu provoquei em helano um segundo olhar. Olhar de quem não espera nada, somente para se certificar que não passou desatento. Mas Helano foi incauto, olhou-me a terceira vez. Minha avó dizia, é preciso ter cuidado com as coisas mantidas em sigilo, uma delas é a beleza que triunfava em silêncio. Ela possui qualquer coisa que emudece. Não sei porque eu me lembro disso...

Sucederam-se outros olhares, sorrisos mudos, desejo incontido. Eu desejei Helano naquela noite. Pra me provar mesmo, pelo lascívo poder de provocar a mim mesma. Lancei-me em desafio. Pra sentir de todas as maneiras a minha fraqueza e meu poder de resistência. Nesse embate, claramente perdi. E Helano entrou em mim. Em corpo presente.



Ps: Cupido e Psique, Rodin. A história de Cupido e Psique é uma das mais belas da mitologia, Vênus com ciume de sua beleza obriga Cupido a encontrar um marido bem perverso para psique, mas ele se apaixona por ela. Então ele torna-se seu amante e coloco-a num castelo onde só se encontravam na escuridão. Psique curiosa e movida pela inveja de suas irmãs, certa noite quando Cupido dormia ela acendeu uma lamparina, no entanto, ele acordou. Cupido abandonou-a por que ela não confiava nele. Desde então, psique roda o mundo em missões dadas por Vênus para ter de volta o seu amor. Ela cumpriu todas as terefas exceto a última, que consistia em descer até Hades e trazer o pote de beleza usado por Perséfone, mas ela abriu o pote. Com pena Jupiter perdoou Pisique e o seu casamento com o Deus Cupido. E ela subiu ao céu!

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