Era uma vez uma boneca chamada Luisa. Ela mora em cima do meu guarda roupa e anda reclamando do abandono que eu tenho lhe dado. Luisa, pobrezinha, quando chora estica bem a lingua pro lado e lambe as lágrimas manchando-a de tristeza. Pobre Luisinha, era a minha boneca preferida de rosto de porcelana e tem esse nome por causa de Luisa de Tom Jobim. Ela não se conforma por eu não mais brincar com ela, só porque eu já cresci e ela ainda é uma boneca menina.
No dia fatídico da nossa despedida, Luisa desejou que os meus dias fossem sempre lindos, e minhas noites sempre estreladas, o papai do céu das bonecas parece que te escutou Luisa meu bem. E desejou que eu pudesse serenar a minha fronte ao repousar no travesseiro. Desejou que meus amigos fossem fiéis, meu caminho repleto de árvores floridas, sorrisinhos infantis, braços quentes em noites de frio, beijos ternos em dias de sol, almas sensíveis aos meus versos, que ninguém torne meu coração de pedra, nem que me façam perder a singularidade, que os meus amores durassem exatamente o tempo de meu aprendizado e principalmente, que o tempo permita que nos reencontremos em dias de calmaria.
Luisa me desejou tudo o mais que eu não lhe desejei quando a coloquei de volta na caixa. Pobre Luisa!
PS: Dorothea Tanning (1910 - ), pintora e escultora inicialmente simbolista e depois recebe influencias do Surrealismo. Logo depois ela cria o seu próprio estilo, mais prismático e lírico.
4 comentários:
Own que lindo Laurinha! *-*
e esse poema de Bandeira é a nossa caaara :O
"que ninguém torne meu coração de pedra, nem que me façam perder a singularidade"
Perfeito!
Laurinha, adorei o texto. Me lembrou "When She Loved Me", música que e uma declaração de amor entre uma boneca e sua dona, lembrando dos tempos que em que brincava com ela. Tá em Toy Story 2. Muito bonito!
pooobre luísa...
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