Acordou no meio da noite lembrando que sonhou com ele... E as palavras jorraram de sua mente como quando a gente acorda de sono intranqüilo. Ela pensou que se deixasse o seu belo caderno de anotação n. 6 na cabeceira de sua cama poderia registrar todos os seus belos pensamentos. Mas era tão forte a ventania de suas palavras que achou não ser possível registrar o jorro de palavras que lhe invadia a mente quando estava dormindo e acordava no meio da noite, no meio do sonho. Mas era como segurar um castelo de cartas e lembrar das lindas palavras que disse pra ele em sonha que em vida real ela não tinha coragem. E nada disso parecia possível, tudo era tão cansativo, se acordar no meio da noite e escrever coisas de amor. Mas ela ficava parada olhando o quarto iluminado, antes de adormecer e acordar novamente. E acordava todas as vezes que as palavras ditas a ele eram bonitas e singelas que nem pareciam com ela. Mas ela lembrou que se não lembrava das palavras lembrava das cores das cenas no seu sonho de amor. Resolveu o problema sem mais reticências. A moça comprou uma caixa de lápis de cor e pintou em cores as palavras e os sabores de seu amor pelo rapaz lindo do sonho bobo de amor.
PS: Dormeuse, 1943, Balthus. Nascido em Paris, Balthus e sua família foram forçados a abandonar o lar durante as duas grandes guerras mundiais. Nasceu em 1908 e morreu na Suiça em 2001. Na tela acima, uma jovem está sugestivamente deitada perante nós, e desconhece que é alvo da nossa atenção. As cores escuras e sombras pesadas intensificam a presença de um erotismo subjacente. Balthus trabalhava de forma figurativa, numa época em que se considerava isso como uma arte reacionária à própria modernidade. E no entanto, o tema da obra desse autor tem muito a ver a arte radical confrontando-se com a zona proibida e reprimida da consciência. Os temas de Balthus são moderns, desafiantes e quase poderia ser a ilustração dos estudos sobre a sexualidade infantil de Freud, cujas ideias influenciaram a arte no século XX. Convido-os a conhecer a arte de Balthus.
Um comentário:
UAU, Abalou! Tanto no lindo texto quanto na descrição de Balthus.
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