quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Memórias do quarto escuro, o diário de Tereza.


Eu ainda não conhecia o Helano...
O meu universo ordenava-se em duas distintas e estimulantes categorias. Era o bem e o mal. Eu habitava a região do bem, obviamente, lá reinavam incontestes e indissoluvelmente unidas a virtude e a felicidade. O bem era separado do mal por uma espada de fogo.
Eu não conhecia o mal.
Eu ainda não conhecia a embriaguez de me ver viciado nos transes loucos de loucas transas, abusei da minha própria condescendência.
Eu conheci o mal.
Nesse doar-me inteiro, fui mais generosa do que em toda a minha vida. Ânsia do gozo, talvez. Quanto a minha generosidade, não engendrou em mim nenhuma humilhação, nem remorso. Juro-lhes, causava-me o mais provocante prazer toda essa libertinagem que eu vivia naqueles dias. Lá eu enfrentei o inimigo de rosto descoberto.
Lá eu me perdi em Helano.


PS1: Por obra do acaso os textos de Tereza me cairam em mão. O diário de Tereza estava guardado nas lembranças velhas do quarto escuro e abandonado. Tereza existe. E não é de ninguém. Só é uma mulher dividida entre o bem, o mal e a liberdade. O poderozo tripé humano.


PS2: Picasso, Girl before a mirror. O cubismo rompeu radicalmente com a idéia de arte como imitação da natureza, prevalecendo na pintura e na escultura européia desde a Renascença. Picasso abandou as noções tradicionais de perspectiva, escorço e modelagem tentando representar solidez e volume numa superfície bidimensional, sem converter pela ilusão a tela plana num espaço pictórico tridimensional. Eis então, que nos aparece um primeiro Picasso no blog!



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