terça-feira, 8 de setembro de 2009

A cerimônia do adeus - A parte que não pertence a Beauvoir


Há coisas tristes que só nos acontecem emvida. Até porque em morte me foge todo o conhecimento dos acontecimentos e acredito que nenhum filósofo do quaternário os tenha encontrado de fato. Deparei-me com a morte duas vezes nesta semana, claro que uso de licença poética, pois, não me apareceu diante aquela figura bizarra do sétimo selo. E nem me chamou ele para de xadrez, o que seria muito estimulante. Há tempos que não me divirto com a arte que Duchamps mais apreciava.

Confesso que não sei lidar com despedidas, e que muitas vezes me perco pensando em que já se foi. Quando um personagem que não é o protagonista, mas que de certa forma tornou a história agradável em amiudados capítulos morre, deixa qualquer coisa de página rasgada, de poesia mal rimada. De uma coisa que foi e não poderia ter ido.

A morte não é uma coisa engraçada. Um vazio nunca mais preenchido, um abraço nunca mais recebido, nem um sorriso transmitido. O não ouvir de tua voz. As lembranças que não mais relembrarei ao teu lado. Meus caros, é uma dor que dilacera! E no entanto é inevitável. E que poder possui essa palavra; inevitável! A morte é inevitável.

Essa semana o meu mundo sofreu duas baixas. metade de mim é racional e pragmática, mas a outra metade é humana, logo, é toda incompletude. E ela sente, sente um infinito de coisas miúdas que acumula de repente no meu coração. Acho que é lágrima represada e sangra agora em palavras. Há dias venho cerrando os olhos amendoados pra não derramar lágrimas indistintas, mas chega o dia da desforra! Eis-me aqui tão humana. Tão sensivel. Tão mulher. Eu tenho medo! Medo da morte, medo de escuro! Assumo as minhas fraquezas e eis que estou desarmada, sem meu escudo racional capitalisticamente indiferente. Sabe o que eu estou pensando? Talvez um abraço agora valha mais que palavras de consolo. As palavras hoje são desassossego pro meu coração. E talvez, eu nem seja tão forte quanto eu havia pensado... Mãe, as mulheres grandes um dia desabam?



PS1: A morte e a vida, Klimt. Gustav Klimt é associado ao simbolismo, destacando-se dentro do movimento da Art Nouveau austriaca e um dos fundadores da Secessão em Viena, movimento que rompia com as tradições da arte acadêmica.

Um comentário:

Anônimo disse...

– Medo de morte é quem não tem medo de vida.

– E medo de vida, o que é?

– É quem não tem medo de morrer.

– ...

– Quem tem medo de morte é porque deve ser feliz.

(Honório Félix)