sábado, 7 de fevereiro de 2009

A arte dela



Eu tinha 11 anos, e sofria porque não sabia o rumo da minha vida, eu era diferente, e vivia dentro de um sonho individual de cores suaves... Imagens sucessivas de nuvens ternas, palavras me inundavam. Sufocavam. Nada ainda me revelara o fundo da minha sensibilidade. Era tão confuso, tudo parecia brincadeira de uma menina atrevida que não se encontrava em nada, ou antes, se encontrava em tudo... Eram tantos caminhos, e uma mesquinha escolha... A pintura, a moda, os desenhos a carvão, a economia, o artesanato, escrever...O que me atraia se não tudo de todas as formas e maneiras, cores vivas. Decidi escrever, por que alando palavras elas me dariam a decifração definitiva de minha personalidade. E eu vi palavras se formando em textos que nasciam de minha mente em delírio; eu via palavras, palavras e palavras riscando o espaço em branco do amado caderno... Palavras que saiam de mim para fixar-se para sempre nos meus cadernos de anotações. Foi a revelação: estava decidida a me dedicar a escrever.

Ainda hoje eu me refaço e me descubro, e traço novas rotas, desconhecidas, arriscando aventuras. Descobri ser a arte que eu quiser ser... Eu sou arte. Pura arte.




PS: O Farol de Anita Malfatti. O nome de Anita Malfatti já está definitivamente ligado à história das artes brasileiras pelo papel que a pintora representou no início do movimento renovador comtemporâneo. Dotada duma inteligência cultivada e duma sensibilidade vasta, ela foi a primeira entre nós a sentir a precisão de buscar os caminhos mais contemporâneos de expressão artística, de que vivíamos totalmente divorciados, banzando num tradicionalismo acadêmico que já não correspondia mais a nenhuma realidade brasileira nem internacional.

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