Ele chorava desesperado, como quem tem medo da solidão, essa solidão que vem da falta de confiança em quem te segura a mão. E chorava com dor por saber tão pequeno faltar-lhe aquele amor, o amor maior do mundo. Cala dor. Emenda. Seca lágrima. Riso se abre. Rio se torna. Enche coração selvagem. Fecunda alma hostil. Habita casa deserta. Êêêêê amor materno.
Para mim, perdão a intervenção da escritora não tão onisciente, assim, a pior dor do mundo é de não ter mãe. Espelho fiel. Pilares da vida. É como perder brilho nos olhos, não, pior. É como ter um brilho triste nos olhos.
Ela, angustiada, jovem, inexperiente no amor de mãe. Queria calar aquele choro convulsivo. Triste. Cortante. Desesperado. Ela sabia o motivo. Mas desejava fazer sarar o dodoi do coração do bebê. Preto na cor, branco de paz no coração. E ela, cheia de bondade e luz só desejava assegurar-lhe que estava tudo bem, que ela era a nova mãe dele, sem o ser, e ele sabia que não o era. Criança sente e sabe coisa que adulto não sabe. E a vontade dela cuidar, acarinhar e vê sossegado aquele bebê foi tão grande que ela tornou-se mãe naquele instante, sem o saber.
No dia seguinte, depois da primeira noite de insônia forçada, ela decidiu-se, diante do medo, e sobretudo da impotência de não tê-lo feito parar o choro triste, devolvê-lo. Pensou que não sabia ser mãe dele. Pensou, talvez, que o sangue falasse mais alto. Pensou antes de tudo, que não tinha talento para ser mãe dele. Não sabia ela que toda mulher já nasce com talento de ser mãe de tudo!
E pensou, enfim, sem saber que já era sim mãe dele. Levou-o a mãe verdadeira. Mas a mãe que supunha ser a falsa, sentiu um peso tão grande no coração, como se lhe expremessem o pobre. Era uma dor, um peso. Uma falta de algo que se vai. Ora, direis, saudade? Era um pedaço pequeno, taquinho preto deixado pra trás. E não dormiu a segunda noite. E chorou, chorou como se lhe tivessem arrancado algo. Importante. Valioso. Sublime. Amor eterno. O maior amor do mundo. E ora, pergunto, arrancaram-lhe um filho? E ela descobriu que sofria como mãe. E amava como mãe. E descobriu-se mãe.
Bem mal raiou o dia, foi buscar o filho de volta. Ele reconheceu a mãe. Ela reconheceu o filho. E outras tantas noites de insônia forçada vieram no primeiro, no segundo e no terceiro filho.
À minha mãe,
Ela me deixa voar com as aves, mas ainda me vê menina adormecida no fundo de seus olhos.
Um comentário:
pow é msmo, mas eu encontrei uma comu no orkut q discute um livro todo mês, depois eu passo aki pra te deixar o link, eu acho q se tiver mais uma pessoa dá pra gente fzer um mini clube do livro sim, a gente marca por msn as discussões.
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